sábado, 29 de maio de 2010

A Investida da Telefónica sobre a PT

A oferta da compra da Vivo pela espanhola Telefónica à PT é mais um episódio do efeito de dimensão colocado por Espanha para amesquinhar e diminuir Portugal. País com mais recursos, acham os seus agentes económicos que Portrugal não pode ter uma empresa grande, tão grande como a deles na posse da Vivo, operadora brasileira com 50 milhões de telemóveis. Deve começar-se por pensar que na América Latina de língua espanhola a Telefónica está em todos os países sem qualquer associação com a PT. No único país de língua portuguesa, o Brasil, a espanhola tem que estar a 50%! Negócios feitos por empresários que "dizem que só a honra não se vende", como disse Ricardo Salgado (BES), grande accionista da PT, a propósito da oferta da Telefónica. Mas com a ética do patriotismo económico expulsa das suas estratégias de expansão e crescimento, deve constatar-se. E, infelizmente, neste saco mete-se a "fina flor" dos nossos maiores investidores, com poucas excepções.
Já isto se viu quando Belmiro de Azevedo lançou a OPA da Optimus sobre a PT. A Optimus é um fracasso. Poderia salvar~se com a sua fusão na PT. E a Vivo, que está a transformar-se "na jóia da coroa" dos telemóveis do mundo inteiro já teria sido vendida à Telefónica espanhola por Belmiro de Azevedo que, aliás, só com esta poderia cumprir o endividamento a que aquela OPA obrigava.
Depois desta ofensiva fracassada, graças à actuação da Administração da PT, forçada a remunerações accionistas que oneraram alguns projectos de expansão, surge agora nova investida, da Telefónica, aproveitando o ambiente de dificuldades financeiras em que investidores na PT se encontram, neste ambiente de crise.
Resta-nos louvar a atitude patriótica em reforço da língua portuguesa do Presidente Lula da Silva, que disse publicamente que "quer a PT na Vivo, para expandir a Banda Larga", no âmbito de uma operadora de língua portuguesa. "Meu grande Presidente Lula, o Senhor sabe usar a linguagem que os espanhóis entendem!"

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O poder do Euro

Uma moeda é um poder. O Dolar tem o poder dos Estados Unidos. O yen o da força produtiva do Japão, as moedas da China, do Brasil e outras o poder dos seus mercados e do seus respectivos "produtos", etc.
As moedas também têm uma língua que é outro poder. Negociar em inglês é mais forte, mais fácil, com mais oportunidades do que negociar em quechua (é a língua nativa dos peruanos..., com todo o respeito e já quase totalmente substituída pelo espanhol).
É altura de perguntar: Onde está o poder do Euro?
Estará nas várias línguas, no conjunto dos países que constituem o primeiro ou segundo mercado consumidor do Mundo, consoante a U. E. alargada ou só a do euro, e num projecto por concluir: o processo de constituição da U. E. , aprofundando o poder de acção das instituições políticas europeias?
É isto que a actual crise começa a revelar. O Euro é a maior construção europeia. Todavia, sem políticas e economias menos contrastantes, ou mais uniformizadas nos critérios de tributação fiscal e orçamental, a nosa moeda será frágil, ficará à mercê do dolar. Parece que é neste sentido que a ideologia pós crise de 2008 começa a desenhar-se.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Salários na União Europeia

Num momento de contenção e reduções nos vencimentos de trabalhadores europeus, dos países mais endividados e com maior défice, como o Reino Unido, a Espanha, a Grécia e Portugal e outros seria de esperar um procedimento equivalente da União Europeia, em relação à horda de funcionários que a invade. Quanto aos deputados europeus os assessores nomeados da família, genros, filhas, irmãs ... é um fartote! E pior, é que alguns não têm qualquer espécie de qualificação que, aliás, é desnecessária porque também não desenpenham qualquer função...
As receitas da U.E. são constituídas pelas contribuições dos países seus membros, alguns dos quais, como Portugal, está a exigir sacrifícios que os bravos lusitanos têm de suportar. Dizer à U.E. que poderiam também "amochar" nas suas regalias, vencimentos, aposentadorias e prerrogativas de nomeação de pessoal de secretaria própria, seria democrático e não de efeito apenas simbólico. Penso que se economizava bastante dinheiro aos contribuintes europeus.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Distraindo o Santo

O Manel vai voltar ao blogue porque acabou um livro que já entregou ao editor que lhe prometeu que o punha "à luz do público" na segunda quinzena de JUNHO. Por isso mando este mail para que voltem a constatar de quanta ingenuidade as minhas opiniões são capazes.

sábado, 8 de maio de 2010

A Aceleração da História pelas Crises

As guerras, as crises, as grandes descobertas têm um efeito quase sempre acelerador da história. As reformas, as alterações e muito do que se foi adiando, do que deveria ter sido feito e não se fez, por inércia ou falta de meios, ganha premência na execução e, normalmente, faz-se à pressa, aceleradamente, quando não precipitadamente. É o processo histórico...
Diz-se que esta Crise de 2008 não vai deixar a Europa como está. Ou avança e se aprofunda, no sentido de uma maior vinculação e governação harmonizada, a caminho de uma das múltiplas formas que a Federação pode assumir ou se reduz, regride e, ou acaba ou volta à primaira forma da Europa dos seis, ou dois, no reduto franco-germânico que, por sua vez, reune a maior potencialidade de novos conflitos europeus. Assim, a aceleração imprime rapidez em vários sentidos: bons e maus. Resta esperar que desta resulte uma orientação no bom sentido: no reconhecimento de que não há uma moeda comum sem políticas sociais, económicas e, principalmente, fiscais comuns. Que não há políticas harmonizadas sem mecanismos de coordenação que tenham um poder legitimado para coordenar. A Alemanha e a Grécia não podem andar em roda livre, cada país por si. Mas, para isso, não se podem pedir esforços à população alemã para ajudar a Grécia quando os germânicos trabalham até aos 67 anos e os gregos não querem passar dos 62 para os 65 e, na prática, a maioria reforma-se aos 52, porque não há penalizações suficientes. Se quiserem uma moeda única têm de contribuir todos de igual modo para a sua estabilidade. Esta crise já produziu esta "drive" .

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A Crise e as oportunidades

A maior banalidade que se pode dizer é que estamos em crise e que os juros que pagamos sobre a nossa dívida externa estão mais altos. Outra banalidade é que os investimentos devem ser avaliados em função do seu retorno financeiro e social, quer haja crise ou não haja. Um mau investimento fica tão mais caro em crise como um bom investimento. Uma coisa é o custo do dinheiro investido, outra a rendibilidade daquilo em que se investe. Um mau investimento rende pouco, um bom, muito. Outra coisa, ainda, é se temos ou não orçamento para suportar o investimento enquanto ele não comece a remunerar os euros investidos. Aqui entra a iteração estratégica, de ajustamento do binómio (objectivos/capacidades e recursos). Efectivamente, há que avaliar o montante a investir, durante quanto tempo, o retorno que se prevê e o efeito multiplicador que ele tem sobre a economia e a sociedade.
Nós temos uma oportunidade a não desperdiçar: a dos espanhóis quererem fazer o TGV de Madrid a Badajoz e não de Madrid ao porto de Cadiz, por exemplo, como foi pensado. Passa pela cabeça de alguém criar a Portugal um isolamento maior do que a sua condição periférica já o sujeita? E perder a oportunidade de reduzir os custos de transação das nossas exportações e das ligações do exterior para Espanha, através do nosso país?
Já em relação às autoestradas, à Terceira Travessia, cuidado! Parece-me que os exemplos dados a pilotar processos decisórios levantam dúvidas. Os objectivos têm de ser evidentes! Explicam-se a si mesmos. O Governo deu-nos dúvidas sobre isto! O aeroporto na Ota não tinha explicação! A Terceira Travessia não tem explicação clara, pode ser adiada sem consequências, estendendo a linha da Alta Velocidade do Poceirão ao Pinhal Novo. Mais 14 Kms em terreno plano e de poucas expropriações. No Pinhal Novo, o passageiro apanha o metro que entra em Lisboa, com ligações em Sete Rios, Entre Campos, etc. à cidade inteira e à linha de Sintra, Cascais e Vila Franca. E se do Pinhal Novo quizer ir para o Sul só vê a sua vida facilitada. Um objectivo evidente é mobilizador; um polémico cria descrença. Se nos falta fazer tanta coisa em Portugal, por que razão insistimos em fazer o que nos divide em vez do que nos une?

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Visita do Papa

"Os países que receberam melhor o Papa" não faz parte de nenhum campeonato, como o que vai acontecer na África do Sul... Temos de receber bem toda a gente e isso é garantido pela tradicional hospitalidade lusitana e, naturalmente, pela esmagadora maioria dos portugueses que professa o catolicismo. Mas criar uma perturbação na vida dos portugueses com a tolerância de ponto, contribuir deste modo para a já baixíssima competitividade do trabalho nacional com mais um meio feriado, parece-me um exagero laicista que procura efeito contrário: não perder popularidade. E acaba fazendo o papel de "mais papista que o Papa". E fica mal na fotografia do rigor para com o interesse público quando ninguém é capaz de dizer quanto nos vai custar aquela visita.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Aos Seguidores deste blog

Peço desculpa desta ausência sem aviso, pois, na verdade, nunca pensei que me ausentava por tanto tempo. De regresso, volto à toada do custume, aos temas do costume para, se calhar, continuar a achar que isto é como escrever na areia, que o vento apaga. Mas como o saudoso Augusto Abelaira escrevia na água, olha, é mais um...