sexta-feira, 29 de abril de 2011

A Dívida Portuguesa - História de Crises

Desde meados do séc. XVIII até aos nossos dias que a Balança Comercial do país é deficitária, com excepção dos três anos, de 1940 a 43, os chamados anos do volfrâmio, em que exportámos mais do que importámos.
Desde os tempos áureos da exploração do ouro do Brasil, passe o pleonasmo, que a nossa dívida perante o estrangeiro se acumulava, constituindo um enigma que Portugal se tenha mantido como um país politicamente independente. Conseguimos resolver periodicamente a nossa situação deficitária, tendo apenas tido uma situação de bancarrota (na última década do séc. XIX) e, os demais incumprimentos verificados foram resolvidos posteriormente, com os respectivos juros e sofrendo situações da dependência económica.
A dívida acumulada até 1830 foi liquidada de uma maneira bizarra, para não aplicar um adjectivo pejorativo. Assim, dias antes do reconhecimento independência do Brasil, assinámos um acordo com a Inglaterra pelo qual a nossa dívida com aquele país seria paga pelo jovem país a que reconhecíamos a independência, embora ela já se tivesse efectuado, na prática, há perto de cinco anos… Artifício que os ingleses precisavam para, no ambiente internacional pós Conferência de Viena (1815), legitimarem o comércio e a exploração do Brasil, no fundo, mais vítima de uma substituição de colonizadores do que fruidor de uma real independência. Ninguém fala desta primeira ajuda… do Brasil a Portugal, nem mesmo agora que lhe mendigámos outra. Todavia, esta jogada colonialista de Portugal é referida de amiúde pelos mídia brasileiros, ainda hoje, duzentos anos depois.
Até final daquele século a dívida total do país foi crescendo até ao default. Entretanto, a Balança Comercial ia sendo compensada, mas nunca equilibrada, pela de Pagamentos, reforçada pelas remessas dos emigrantes. Vem a crise do final da Monarquia e a instabilidade política da República que, em termos económicos, se traduzem em depreciações brutais da moeda e do empobrecimento relativo do Reino e da República. Chegou-se a recolher as moedas de prata em circulação, a derretê-las e a substituí-las por outras de menos valor específico, vendendo a prata. Nos anos de uma década a seguir à Primeira Grande Guerra, até ao 28 de Maio, o escudo desvalorizou mais de 15 vezes face à Libra.
A emigração vem prosseguindo em força, para o Brasil, desde o século XIX. A tal ponto que em 1930, Getúlio Vargas, proibiu a remessa de dinheiro dos emigrantes para Portugal e para os outros países europeus. Ditador, Getúlio adere ao movimento nacionalista que pairou sobre vários aspectos da sociedade brasileira, desde 1922 (“Semana de Arte Moderna”). À parte esta tendência, culturalmente muito válida, a pressão de Portugal, sobre as autoridades brasileiras e a simpatia entre os dois regimes políticos, logrou a abertura de uma excepção para os emigrantes portugueses. Foi a segunda ajuda financeira do Brasil a Portugal.
Internamente, Portugal viria a encontrar outra margem de compensação dos défices comercial e financeiro global perante o estrangeiro. Outro artifício, a chamada “zona escudo”, que significava uma considerável vantagem financeira para a reserva de divisas do país, proveniente da única conversibilidade do escudo da metrópole em comparação com diferentes moedas de exclusiva circulação em cada uma das colónias. O ágio da conversão interna atingia os 20%. E a moeda constituía o fundamental factor de competitividade, mediante uma desvalorização permanente, escamoteando a falta de produtividade, de inovação e de dinamismo estruturais do país. Por último, uma nota de algum optimismo. A natureza das nossas exportações tem melhorado nas componentes de média e alta tecnologia. Há dez anos, 30% das nossas exportações era de média e alta tecnologia e actualmente são 70%. E nas importações as percentagens são as inversas, 30 média e alta e 70 média e baixa. Falta agora é reduzir a taxa de cobertura das importações pelas exportações. Para isso, há dois caminhos: criar novos mercados e exportar mais; produzir mais e substituir importações. Uma tarefa essencialmente atribuível à sociedade, às empresas e subsidiariamente ao Estado.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Fernando Nobre, como caiu nessa?

Mudar de ideias ou de partido político não é prova de incoerência. A forma como isso se faz é que pode ser incoerente. Apoiar uma candidatura do Bloco de Esquerda, do PS, ou candidatar-se como inependente pelos PPD/PSD, na imediata sequência em que as respectivas eleições aconteceram é que pode parecer inconsequente. Mas o Dr. Fernando Nobre chama a isso uma manifestação da sua independência. Também se pode dizer que é um direito, o direito de ele não saber o que quer. Será, também, no mínimo, o abuso da parvoíce quando se candidata a deputado e só aceitará o mandato se for eleito Presidente da Assembleia. E como é que o líder do PSD foi nessa?

terça-feira, 19 de abril de 2011

"Incompetentes, preguiçosos e mentirosos"

Houve quem se sentisse ofendido por um líder filandez quando ele disse que os seus compatriotas não têm que ajudar um país de incompetentes, perguiçosos e mentirosos, referindo-se ao nosso.
Desde o fim do sec. XVIII que só em três anos é que conseguimos exportar mais do que importamos: de 1940 a 1943, por causo do volfrâmio que exportávamos para a Alemanha e outros países em guerra. Claro que isto só poderia dar num défice e num impobrecimento relativo, aos outros países. Também não nos distinguimos por maior produtividade que os filandeses. Por último, mentirosos. Então não é o que os nossos políticos chamam ao primeiro ministro eleito democraticamente?

As Agências de rating já mandam no Mundo

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s reduziu, pela primeira vez em 70 anos, sua avaliação sobre a dívida americana, passando a perspectiva de “estável” para “negativa” por causa do imenso déficit fiscal de US$ 1,5 trilhão dos EUA. Atualmente, para cada dólar que o governo federal gasta, arrecada menos de US$ 0,60. Com déficit elevado e uma economia combalida, o país vem crescendo seu endividamento. Alguns analistas também entendem que a notícia pressiona democratas e republicanos e chegarem a um entendimento político sobre como cortar o déficit. Em meados da década de 90, duas outras agências de risco, a Moody’s e a Fitch, já tinham acenado com um rebaixamento, retirado logo depois. Com o anúncio da S&P, os mercados caíram em Nova York e em vários países da Europa. Os EUA, no entanto, continuam um país “AAA” para investir. (Da imprensa brasileira).
Entretanto, o Sec. de Estado Financeiro noirteamericano, Gaitshel, disse que a análise da Agência era política... Pergunto se ele queria dizer que apoia os republicanos...
E como se dizia antigamente, "assim vai o Mundo".

sexta-feira, 8 de abril de 2011

As Agências de Rating a tangenciar o crime!

As Agências de Rating começam a ser "oficialmente" desacreditadas, por especulação a favor dos grandes investidores, interessados e beneficiadores do clima de risco artificial para, assim, verem os juros aumentados. Sabe-se, agora, que há investidores que são acionistas daquelas agências, que emprestaram dinheiro a Portugal e a outros países, logo, com juros praticados mais altos por que as notações de rating atribuídas era mais baixas. Os fundos Capital Group, Capital World Investors é o maior detentor de ações na Standard and Poor's e também tem uma boa percentagem na Moody's. Um grupo de economistas portugueses (Professor José Reis e outros) resolveu apresentar uma queixa à Procuradoria Geral da República com base na falta de transparência, informação privilegiada e participação indevida em negócio. O caminho vai ter de passar por uma agência pública, controlada por um organismo internacional, com âmbito europeu ou mundial, consoante se conseguir decidir, para acabar com este farrobodó. Diz-se também que as agências não se aperceberam das diversas "bolhas", imobiliárias e outras, que levou à Crise de 2008, que causou enormes prejuízos a grandes investidores e, agora, como boas serventuárias, estão a fazer esta "sale besogne" de aumentar os riscos artificialmente.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Um Golpe de Estado ou o Samba do criolo doido

O Sr. Presidente da República, no discurso de disolução da A. da R. deixou entender que o Governo em Gestão poderia contar com o seu apoio no caso de ter de recorrer ao FMI. Como? O Governo responde políticamente perante a Assembleia, não perante o PR. Mas dá-lhe apoio público! Onde é que isto está na Constituição? O Governo viu chumbado o seu PEC IV na A. da R. por todos os partidos da oposição. O Governo em Gestão está impedido de fazer compromissos internacionais que influenciem a situação do país para além dos seus três neses de gestão de assuntos correntes. A minha impressão é que se instaurou um verdadeiro golpe de Estado "constitucional", com o PR a dizer que apoia o que só a A. da R. poderia apoiar, que não existe para apoiar o que quer que seja. E o líder do maior partido da Oposição diz que apoia os planos do governo, em matéria de pedido de auxílio. Como? Assina-os com o Governo? Compromete-se publicamente como apoio ao que ao Governo compete? Quer governar na oposição com eleições marcadas? O samba do criolo doido tem uma letra mais lógica!