terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Quotas para Prof's. para promover todos

No dia 3 deste mês escrevi uma nota sobre as negociações dos professores com a nova Ministra da Educação, a 28º responsável desde o 25 de Abril. A situação recomeça a clarificar-se neste novo ciclo de negociações. Não querem quotas de promoções ou só as aceitam se não tiverem peso algum. E infelizmente creio que se vai concretizar o que eu achava errado.
A promoção de um número de prof's. até ao último escalão de vencimentos, num número completamente desproporcionado com qualquer outra carreira de funcionários públicos. E creio que se estão a preparar para não subscrever nenhum acordo, ameaçando em piorar o que já não pode estar pior: o nível de ensino.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Política de feira barata na discussão orçamental

Segundo os jornais noticiam, o Orçamento para 2010 vai ser aprovado pelo facto de o Governo ter negociado com o PSD e/ou com o Governo regional da Madeira a autorização para a Região constituir um novo empréstimo.
Curiosas verbas: 129 milhões de euros pretendia o Governo Regional. 79 milhões parece ser a verba pelo qual a "chantagem da Madeira" viabiliza o orçamento do Estado.
Quer dizer, com minoria parlamentar, o Orçamento chama-se "limiano" , "chantagem madeirense" e, também, sejamos rigorosos, deve ter outro nome, que resulta da Madeira ter pedido 129 e não 130 e de o acordo com o Governo e PS ter ficado em 79 e não 80! É como o preço das hortaliças nos supermercados e nas feiras. Nunca é um número certo, é sempre um cêntimo a menos para não parecer tanto…
Se me perguntarem o que é que isto tem a ver com a situação do endividamento global do país e com o nosso défice orçamental ou, ainda, com a queda do investimento externo no país… temos de dizer, voltem a olhar para a Irlanda. Mostrou o que valia na expansão e está a mostrar o que vale na retracção e só por isso se acredita que vai voltar a crescer. Sócrates mostrou o que valia na contenção do défice, quando em 2005 iniciou governo. Veio a crise que estragou tudo, embora não nos acontecesse, ainda (!), o que já aconteceu à Irlanda. Se, agora, o Governo não mostrar que é e está capaz de esconjurar as chantagens oportunistas de onde quer que elas venham, então, passaremos de mal a pior. A negociação não é mal nenhum. Mas, o facto do elemento decisivo para se aprovar o Orçamento ser uma exigência, da forma como aparece colocada na imprensa, sobre o aumento do endividamento de uma Região autónoma que exemplifica o maior regabofe orçamental que o país conhece, é que me parece fora do contexto da nossa situação económica e das responsabilidades dos governantes e dos líderes políticos

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Mr. Obama, please, don't disappoint me

O Presidente Obama fez durante a recepção do Prémio Nobel da Paz o discurso que deveria fazer. Nada a criticar ao Obama Presidente. Foi mesmo o melhor que poderia ter sido nas referências que fez sobre um prémio Nobel atribuído a quem está a fazer várias guerras.
Mas como cidadão e foi nessa qualidade que se lhe atribuiu o prix Nobel, deveria ter dito algo mais e diferente. Justificou a guerra porque há guerras justas que levam à Paz.
Engano. A Guerra não é natural, mesmo num mundo imperfeito. A Guerra não é a continuação da política por outros meios, como disse Clausewitz, influenciado pelo positivismo, que já foi considerado uma calamidade filosófica, como teoria. A Guerra é o falhanço da Política! Há guerra quando não há ou há políticas erradas. Clausewitz tem de ser enterrado e vale mais ressuscitar Sun Tzu ou mesmo o Kant, de "A Paz perpétua". Os EUA estão em duas guerras por más decisões políticas. Foram para o Iraque na base de patranhas e afirmações falsas que espalharam pelo mundo inteiro. Estão no Afeganistão sem estratégia, dizem os responsáveis militares norte americanos! E como nunca houve uma estratégia para ganhar uma guerra no Afeganistão… o mais provável é que os EUA e a NATO venham a retirar sem nenhuma conclusão, militarmente falando.
Os EUA continuam a afirmar "o seu compromisso para com a segurança no Mundo", reafirmou-o Obama. Socorro-me de Kennedy, para citar um seu discurso no qual afirma que "não há uma solução americana para todos os problemas do Mundo". Nem mesmo para o da segurança, apesar de ser a maior potência militar mundial, era o que o "nosso" Presidente Obama precisava de dizer, ou ouvir…

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

"A Distrair o Santo" na conferência de Copenhagen

Anda muita gente "a distrair o santo" na conferência de Copenhagen e, assim ele não vai fazer milagres no ambiente... Os países ricos andaram a poluir desde a Revolução Industrial. E os países pobres dizem que, agora, para o seu deenvolvimento, vão eles poluir... E que para poluirem menos os países ricos têm de os ajudar, com dinheiro. Já ofereceram 10 bilhões para vários anos, claro, e eles querem 30,25... começaram por aí e vão descendo. Mas o engraçado é que entre os pobres já está o maior poluidor absoluto: a China. Que, por sua vez, diz que per capita polui pouco e que os EUA é que poluem mais... o que é verdade. Mas é uma incongruencia porque se os chineses todos poluirem tanto como os americanos, per capita, o consumo de hidrocarbonetos passa para o dobro e o ambiente do planeta não aguenta. Morremos todos de rinite alérgica ou de outra coisa qualquer... o que acabará por se verificar sempre em qualquer hipótese... mas por vontade divina e não pela circunstância ecológica.
Se não perceberem a alusão ao "distraindo o Santo " podem ir à primeira nota do blog e rirem-se com a anedota. Bom Natal para todos!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A República da Suspeita

A luta por ideias políticas nunca é de mais. Normalmente é de menos. Mas a luta baseada em factos políticos cuja verdade consiste na subjectividade da suspeição, deshonesta, porque a Justiça não suspeita nem acusa, é grave para o prestígio das instituições. E quando em resposta se ergue outra suspeita de que o intúito da primeira era descredebilizar quem mereceu a confiança do povo para governar o país, na situação dificilima em que ele se encontra, podemos dizer que vivemos na República da Suspeita que não é, concerteza, a que poderá levar o país para a frente.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Conflitualidade e ingovernabilidade

O último debate de 4 de Dez. na Ass. da República com o Primeiro-Ministro revelou uma agressevidade argumentativa entre J. Sócrates e M. Ferreira Leite que traduz uma conflitualidade impeditiva de qualquer entendimento. Sócrates mostrou que é o mesmo em maioria ou em minoria. E honra lhe seja feita porque, quando em vez de se falar de política se transporta para a discussão parlamentar situações de suspeição com nítido intúito de inferiorizar +politicamente o P. Ministro, ele já provou que não deixa a sua defesa por mãos alheias. O problema que me preocupa é que, mesmo sem provas nenhumas contra a sua dignidade, figuras do PSD digam publicamente que não confiam no PM. E que o Presidente da República, no triste "episódio das escutas", feitas no Palácio de Belém, não tenha dito que não confia mas que é capaz de desconfiar...
No actual estado de crise económica, este clima é mau para se construirem os apoios sociais às medidas difíceis que é preciso tomar.
No último debate na Assembleia da República com o Governo, a agressividade dos comentários de Manuela Ferreira Leite e das respostas de José Sócrates atingiram um tónus de conflitualidade que há muito não se via naquele órgão da República. O PSD não discute ideias. Transporta situações da justiça e suspeitas que tem ou diz que tem para inferiorizar políticamente o Primeiro-Ministro. Pensa que regressa ao poder desta forma. É uma estratégia que me parece errada mas, é com ele. José Socrates prova que com maioria ou sem maioria é o mesmo. Não deixa por mãos alheias a obrigação de se defender e atacar quem põe o seu bom nome em causa. Figuras importantes do PSD já declararam publicamente que não confiam em José Sócrates. O Presidente da República só não o disse mas procedeu no episódio das "escutas em Belém", não como se não confiasse mas como se desconfiasse! PSD e PR perderam, o primeiro nas eleições e o segundo na imagem pública. Os portugueses percebem a situação e visualizam

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

"Dignificar a carreira docente", ou promover todos indiscriminadamente

As negociações com os sindicatos dos professores prossegue com o a Ministra da Educação a transigir e a deixar cair alguns aspectos que constavam da Lei aprovada no anterior governo de maioria parlamentar. Se a "valorização do parlamento" através do facto de nenhum partido ter a maioria absoluta só servir para a criação de um ambiente político que leve o governo a abdicar de uma avaliação que impeça que todos os professores cheguem ao último escalão de vencimentos, como acontece há mais de 30 anos, então, regresse a maioria, mediante novas eleições. Que regresse a luta, a zanga, as manifs daqueles professores que só acham que "a dignificação da carreira docente" se faz com a promoção indiscriminada de todos eles até à máxima remuneração, independentemente da qualidade do ensino que produzem. Ensino que, comparativamente ao efectuado noutros países é mau, como revelam os estudos divulgados.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Se quisermos pensar sobre o foturo
Para pensar sobre o futuro do nosso país, o que é que temos? Dados? Factos que projectem perspectivas? Sinais, sinais de algumas tendências, reveladores de algumas situações que definam o nosso futuro?

É forçoso pensar no futuro porque ele será condicionado pela ideia que fizermos dele.

Estamos a aumentar a competitividade? -- Não, pelo contrário, estamos a perder

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A ética republicana

Jaime Gama está a resgatar a dignidade dos deputados da cada vez pior ideia que os portugueses têm da classe política. Está a impor uma ética republicana na Assembleia da República. Está a acabar com a pelintrice dos deputados irem em túrística com acompanhantes à conta do erário público. Ora, quando pagamos 1ª classe a um deputado é porque lhe reconhecemos "estatuto". Ele vira "um vira-latas", como diria o Nelson Rodrigues se vai em terceira para levar acompanhante. Porque a Assembleia só +paga um bilhete para ele e não para duas pessoas.
E as faltas?. È melhor ficarmo-nos por aqui.

domingo, 8 de novembro de 2009

O discurso da Ingovernabilidade (5º)

Agora é a "Face Oculta"!
Começo a pensar que não sei como é que este país resiste a tanto. Não haveria uma maneira mais eficaz de se combater a corrupção que não fosse a suspeita em vez do julgamento e da cadeia, que não fosse o escândalo público em vez da severidade da punição, que não fosse o desprestígio das instituições em vez da condenação dos culpados, que não fosse o respeito pela apreciação de mérito que a Outros pertence em vez da cunha e da distorção da legalidade. Não haveria?

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Arrogância ou coerência?

O programa do governo não é votado na Assembleia da República. É apenas discutido.
O Governo apresentou à A. da R. o que tinha apresentado ao eleitorado, sem tirar nem pôr. Poderia ter apresentado outro, com algumas diferenças, se algum ou alguns dos partidos quisessem ter iniciado negociações para acordo de governo ou de incidência parlamentar. Nenhum quis. Assim sendo, o Governo achou que deveria dizer aos deputados o mesmo que tinha dito, na campanha eleitoral, ao povo que eles representam. Agora cabe à A. da R. aprovar ou reprovar as leis que forem sendo apresentadas por todos os deputados, apoiantes ou opositores. Às acusações de arrogância, pergunto: de que lado está a arrogância? De lado nenhum! Quando alguém faz o que acha que deve ser feito e tem direito a fazê-lo, trata-se de arrogância ou coerência?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Cain, Cain

O Saramago, como muitos bons escritores, escrevem o mesmo livro várias vezes. O Evangelho e
e agora o Cain. Já disse que há coisas boas na Biblia e coisas más. Eu concordo.
Gosaste, não gosaste, agora parirás mas parirás com dor.
Porra!
Pobresinho, explorado, todo lixado... mas não te importes que é teu o reino dos céus.
Chiça! Desculpem só me lembrar destas.
Esta discussão faz-me lembrar a que se fez sobre as caricaturas de Maomé, com a bomba no turbante. Para um ateu, uma caricatura a gozar com a sexualidade de Cristo, o pacifismo de Maomé ou a elegância física de Buda é um caso puro e duro de liberdade de expressão. Os católicos e os muçulmanos fundamentalistas ficam ofendidos. É por isso que o ateismo constitui um bom contributo para a harmonia universal dos povos!

sábado, 17 de outubro de 2009

Quem tem medo de José Sócrates?

Foi Você que não pediu uma maioria?
Ou melhor, foi Você que não quiz a maioria de um partido para governar o país com estabilidade, por medo da "asfixia democrática"? (Por acaso foi Manuela Ferreira Leite)
Ou foi Você que disse que a estabilidade não é um valor em si mesmo, o que interessa são "as políticas"? (Por acaso foi Jerónimo de Sousa)

A asfixia acabou no dia das eleições já que se tratava de campanha, melhor, chicana política.

Quanto à estabilidade, acho que ela é um valor instrumental indiscutível para realizar "as políticas". Que as políticas é que interessam, é! Mas sem estabilidade não há possibilidade de realizar políticas nenhumas.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Entre Estúpidos e Inteligentes ganharam estes!

Não escrevi nada sobre as autárquicas porque não estou para fazer a "declaração de interesses" até porque a acho despropositada, dado que nada nem ninguém me faz dizer o contrário do que penso e sinto.
Mas chamar "estúpido" ao povo porque votou mal é uma subjectividade arrogante e mal educada. Até porque se pode sempre chamar inteligente ao eleitorado que discriminou, distinguiu, escolheu, optou (enfim, provas de inteligância) revelando sabedoria e domínio dos mecanismos eleitorais. Como? Ao votar no seu partido para a Assembleia Municipal, coerentemente e no PS, ou seja no António Costa, para a Câmara, por leitura política intencional, ou seja, garantir a não eleição do outro candidato com mais probabilidades e menos qualidades: Dr. Santana Lopes. E foram perto de 15000 a fazê-lo. É gente de mais para se apodar de estupida ...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

"O 5 DE OUT." não vai a votos

O nosso Presidente da República está com o sindrome d'o acossado. Sente tal necessidade de parecer isento no processo eleitural em curso que não foi comemorar O "5 de Outubro" à Praça do Município, porque o actual Presidente da Câmara recandidata-se a novo mandato, sabendo que este não usaria da palavra e, em vez dele, o faria a Presidente da Assembleia Municipal. Não é nada bom ter um PR inseguro, principalmente neste momento que se perspectiva de governo apoiado minoritariamente, no Parlamento.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Cavaco Silva "fora do registo", outra vez!

Já toda a gente que se sente com o dever de se pronunciar sobre a comunicação do Presidente da República (jornalistas, comentadores e políticos de todos os partidos parlamentares) o fez. E fê-lo das mais variadas formas mas todas elas com restrições à oportunidade, ao conteúdo e sentidos das palavras do PR. Para uns não esclareceu, para outros levantou mais suspeitas, para todos o PR agiu mal nesta crise das escutas ou da "espiolhice da espionagem".
Para mim, tenho que o PR não queria obter nenhum dos efeitos que a sua comunicação adquiriu. Mais uma vez falou "fora do registo". Disse "que nunca falou de escutas", mas deveria ter-se apercebido que não se falava de outra coisa depois que o seu assessor teve "aquela conversa de pé-de-orelha" com o jornalista do Público. Aposto que o PR queria com isto esvaziar as acusações sobre a paranóica actividade de espionagem do governo. Mas é evidente que, pelo conjunto da narrativa presidencial, por ter falado antes naquele episódio de assessores que colaboraram no programa do PSD, já estava com o discurso invertido. E quando isto acontece, invertem-se as interpretações… E depois aquela parte que o leva a circunstanciar a sua "surpresa" com as declarações de "figuras destacadas do partido do governo" quando estava o cumpridor presidente de férias e a trabalhar na sua casa do Algarve… parece extraído da participação de um guarda de polícia. Termino com a primeira frase da notícia anterior. Sou o último dos portugueses a apoucar o meu PR! Mas tenho o direito de não me envergonhar quando o ouço!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Cavaco apoucado pela Assessoria?

Serei o último português a querer apoucar o Presidente da República do nosso país. Mas há condutas que revelam que as pessoas se colocam, relativamente aos cargos que ocupam numa de duas posições limite. Ou dominam totalmente os cargos com a sua personalidade, passando a identificar de tal modo as suas funções com eles próprios que deixam de admitir que elas possam ser desempenhadas por outros. Querem perpetuar-se nas funções e tornam-se ditadores. Ou os titulares de certos cargos importantes são dominados pelo prestigio, pelo poder dos cargos, sendo dominados por uma estrutura de poder em vez de a dominar. São os fracos.
Nem uma nem outra destas posições extremadas são convenientes mas, temo que o nosso PR esteja a aproximar-se desta última posição, o que não é nada conveniente, para não dizer que é uma grande lástima. E vejo-me a anotar várias situações em que Cavaco Silva não domina o cargo de PR e, antes, é dominado por ele. Por isso fala frequentemente a dizer o que o Presidente deve, não deve, agora, depois... deixando a indefinição no ar. Não diz confiantemente o que acha que deve dizer e diz mas o que acha que o PR deveria dizer. Por isso faz frequentemente declarações que são interpretadas em excesso ou defeito. Fala fora do registo...
O problema é que, quando não se domina o cargo é-se dominado por ele, ou seja pelas assessorias, pelos conselheiros, pelos amigos chegando ao ponto de não se descortinarem os inimigos e a vê-los onde eles não existem. É uma paranóia, como muito bem se apercebeu o jornalista Tolentino Nóbrega e a quem, parece, ninguém ligou nenhuma, fazendo o contrário do que ele aconselhou, lá no jornal "Público". Mas, nos sistemas fechados, que têm de estar protegidos, pela importância a que se atribuem, as paranóias são contagiosas, e constrói-se um ambiente de perfeita loucura. Presidente Cavaco Silva, tenha cuidado, porque ainda acaba atravessando os dois lados do campo de batalha ser saber de que lado está o inimigo, como o célebre personagem da Guerra e Paz.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O medo da Dra. Manuela F. Leite

A Dra. Manuela Ferreira Leite faz-me lembrar o D. Afonso IV com o facto de não se intimidar pelos autarcas espanhois e portugueses da raia de Elvas-Badajós, por causa do TGV.
No tempo daquele rei de Potugal as relações com Castela estavam a adensar-se num clima de hostilidade. Por várias razões que não vem ao caso. O D. Afonso resolve reunir as Cortes e, durante a reunião, apercebe-se de que os fidalgos que usavam da palavra revelavam um certo medo de Castela. Ao sentir que tem de mudar aquele ambiente, invectiva os aristocratas acusando-os de que "parecia que estavam com medo". E pergunta, "estão com medo de quê?, alguém viu o medo?, de que cor é o medo?"
Um velho fidalgo levanta-se e diz "o medo tem a cor da prudência"!
Parece que a partir daqui, nunca nenhum poder soberano usou na linguagem internacional a palavra medo mas, sim, prudência.
A Dra. Manuela Ferreira Leita ao declarar que não se deixa intimidar por quem quer um transporte mais rápido para se deslocar, revela que tem medo de quem não intimida ninguém.
E revela realmente que seria uma imprudência fazer dela primeira ministra do nosso país.

domingo, 13 de setembro de 2009

"Asfixia democrática"

A asfixia democrática além de ser uma contradição nos termos já oxigenou o Presidente da República que no alto de uma serra na Beira Baixa inspirou uma valente gargalhda...
Eu também me divirto, mas não tanto... Porque penso no mais célebre asfixiado, o Dr. Pedro Passos Coelho que por não concordar com a Dra. Manuela Ferreira Leite ela o excluiu das listas de candidatos a deputados, depois de ter conseguido mais de 30% e ficado a menos de 5% dela, vencedora na liderança do PSD. Porque penso no mais famoso asfixiador, o Dr. Alberto João Jardim. Famoso porque o é há mais tempo e com maior eficácia asfixiante.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

As "curiositas" Manuelas (M. Guedes e F. Leite)

"Curiositas" está em espanhol, que signifida atentas, delicadas... A Dra. Manuela Ferreira Leite acha que o Sr. José Luiz Cebrien é um jornalista mediocre, acovardado perante o poder político e, principalmente, perante o poderoso J. Sócrates. Ele é um administrator da Prisa que engloba a "Cadena Ser", de rádios, dezenas em Espanha, a TVI e um jornal por ele fundado que é uma folha de couve que circula num bairro madrileño, o El País..., além de muitas outras coisas igualmente insignificantes na media espanhola. Acha que esta despresível criatura para afastar da pantalha alguém de deficiente telegenia estava a cumprir ordens de José Sócrates. Ora, aquele grupo de comunicação, em dificuldades económicas possui uma dívida de 5 mil milhões de euros que necessita de refinanciar. Pretende alienar alguns activos, como a TVI, que vale cerca de 300/400 milhões de euros. Vale 5% das responsabilidades que preocupam aquela administração. Cebrian, se pensou 5% do seu tempo no caso José Eduardo Moniz, no de Manuela Moura Guedes não pensou mais de 0,5%. Até porque ficava em temppo para pensar o que vai pela cabeça do engenheiro Sócrates e que lhe compete cumprir!... Ridículo! Valha-me Santo António, tenente-coronel de Infantaria 19!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Discurso da Ingovernabilidade IV

Também acho que os assessores do Presidente da República têm razão para estarem zangados com a alegada notícia de que haviam participado na elaboração do programa eleitoral do PPD-PSD. É que o programa é tão mau, tão minimalista, que se compreeende que ninguém de inteligência minimal queira participar na culpa de o ter feito. Como me puxa sempre o pé... ou a mão para as coisas da Estratégia, há quem chame estratégia minimalista àquela que se baseia apenas em dados determinados. Como o futuro é, por definição, incerto e, em maior ou menor grau, indeterminado, logo a estratégia minimalista é uma estratégia sem ou com pouco fugturo.
Eis, pois, porque compreendo a indignação da assessoria presidencial.
Outro assunto que gostava de conhecer é o plano de informações que o Governo precisa sobre o Inimigo, ou seja os assessores do PR. Para não ficar só a conhecer a modalidade de acção adoptada pelo governo para executar o plano de pesquisa de informações: escuta telefónica!
E, como dizia um amigo, valha-me Santo António, Tenente-Coronel do Regimento de Infantaria 19 e que recebia por tal patente para subsidiar as caridades da paróquia de Cascais.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Discurso da Ingovernabilidade III

Chamar-se irresponsável ao Primeiro Ministro porque ele comentou com satisfação a notícia de que a nossa economia que tinha vindo a descer, deixou de descer e passou a subir, em matéria de PIB, como fez o deputado Miguel Frasquilho é editar mais um número rasca do discurso da ingovernabilidade com que querem afogar o país.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Discurso da Ingovernabilidade II

Afinal, o Primeiro Ministro não convidou nem mandou convidar Joana Amaral Dias para nada. Françisco Louça deveria pedir desculpas públicas pelo facto, só pelo facto, já que pelo tom e o estilo a culpa não é dele. Dizem que é de inspiração trotskista mas não acho. É mais latino-americana.
Quanto a Paulo Campos... deveria conhecer melhor as suas amizades se é que ela existia neste caso. Até se percebe que tenha sido enganado mas... esteve mal e demorou muito tempo a por as coisas a limpo. Agora a Dra. Amaral Dias, cuidado! Quando falou com o emissário ficou a saber do que se tratava e disse que queria falar com o próprio. Convite à valsa? Tratava-se de "dar praça ao touro para a pega de caras"? Quando lhe falaram da primeira vez ou da segunda poderia ter logo dito que não aceitava. Mas foi pensar. Pensou e criou um dos mais belos discursos da ingovernabilidade que assola o país, com um líder político a insultar o Primeiro Ministro.

terça-feira, 28 de julho de 2009

O discurso da Ingovernabilidada (I)

A tensão política entre alguns lideres partidários envereda por narrativas perfeitamente desconectadas de qualquer esforço para se oferecer a compreensão da realidade dos factos. Se um afirma e o outro desmente, não é simplesmente a palavra de um contra o outro até que se apure a verdade dos factos. Surge de imediato uma, aliás, duas campanhas a defender cada um dos aspectos da contradição. Campanhas que não cuidam de saber se há mentira, mas quem interessa que minta.

E fala-se, fala-se sem se dizer quem pode esclarecer a verdade. Embora, quem saiba da verdade a possa esconder.

Exemplos eloquentes deste discurso político que nos assola será o caso do Procurador Lopes da Mota. Ao que parece, numa conversa de amigos… dá opiniões que "pressionam" alegadamente quem ele não tem o menor meio ou poder de pressionar – os colegas da procuradoria. Mas os bons cidadãos e maus colegas dizem que ele quis pressioná-los. Como? E se fosse possível eles deixavam?

Agora, outro caso, o de Joana Amaral Dias. Diga quem a convidou! E como. "Quem a quis comprar com tachos"? Diga quem julgou que ela se vendia! Reproduza a conversa! Se não no fizer vamos assistir a mais um discurso que nos vai atolando no descrédito da nossa vida política até criar um ambiente de ingovernabilidade do país.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Resiliência dos portugueses

Na Física, resiliência é uma relação estabelecida entre resistência e flexibilidade. Belo conceito que a Física emprestou recentemente às Ciências Sociais e que traduz a necessidade de equação e compatibilização de realidades distintas, mesmo opostas, logo contraditórias mas cujo peso na construção do futuro social lembra o que tem nas obras de engenharia.

As manifestações de resiliência são cada vez mais expressivas e frequentes na nossa sociedade. A título de exemplo:
- É o caso de se procurarem conciliar objectivos de segurança com a não beliscadura das liberdades dos cidadãos -- situação que ganhou acuidade após o 11 de Setembro;
- Como as decisões de alavancagem da actividade económica do nosso país, com injecção de capital no sistema financeiro e investimentos públicos, por um lado e de manutenção do equilíbrio orçamental e de redução do défice externo, por outro, ambas as medidas justificadas e dificultadas pela actual crise económica e financeira.
- Ou as preocupações de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos e, ao mesmo tempo, aumentar a capacidade de investigação para que a Justiça fique mais célere e os crimes não fiquem impunes;
- O equilíbrio entre a necessidade democrática da informação dos cidadãos e, por exemplo, a devassa da vida privada de figuras públicas ou de julgamentos mediáticos e na praça pública;
- Ou a prestação social do Estado ao cidadão versus o aumento de impostos (excluindo a incidência do crescimento económico nestas realidades);
- Etc., etc. etc.

De certo modo, a flexibilização, no que ela contém de concertação, diálogo e que era, tradicionalmente, invocada pelas forças políticas de esquerda deixou de o ser quando ela contempla abertura a situações concretas, como, quando os aspectos competitivos da actividade obrigam a limitações de estatutos remuneratórios dos trabalhadores, salvo raras excepções, como é o caso da Auto-europa, na visão de esquerda de António Chora, que tem sabido equacionar as duas realidades, atingindo o que se pode chamar um alto “nível de resiliência”.

Já a resistência, configurando rigidez negocial ou de princípios, imposição de normas e comportamentos e garantindo as funções do Estado, em especial a segurança de pessoas e bens que, tradicionalmente/convencionalmente era apanágio das forças de direita são, hoje, consensuais, quer para a esquerda quer para a direita. Só se notam diferenças casuísticas (despenalização do aborto, eutanásia, etc.) e não me parece possível estabelecer doutrina diferenciadora no espectro político, pois, toda a gente diz defender a segurança e a Democracia, embora se saiba que há diferentes maneiras de defender a mesma coisa…

O debate político parece, assim, estar a deslocar-se das categorias “carimbadas” ideologicamente para um pragmatismo político de resolução de problemas que a vida social levanta. Passando esta resolução muitas vezes pela conciliação e criação de novas vias (umas problemáticas, outras solucionáticas…, passe o neologismo), parece que se pode começar a definir a qualidade das soluções encontradas pelo nível de resiliência conseguido. Ou não? A resiliência substitui a ideologia ou a ideologia passou a definir-se pelo patamar de resiliência? Ou seja, o nível em que é atingida a conciliação das realidades sociais que conflituam.

Resiliência dos portugueses

Resiliência dos portugueses

Na Física, resiliência é uma relação estabelecida entre resistência e flexibilidade. Belo conceito que a Física emprestou recentemente às Ciências Sociais e que traduz a necessidade de equação e compatibilização de realidades distintas, mesmo opostas, logo contraditórias mas cujo peso na construção do futuro social lembra o que tem nas obras de engenharia.

As manifestações de resiliência são cada vez mais expressivas e frequentes na nossa sociedade. A título de exemplo:
- É o caso de se procurarem conciliar objectivos de segurança com a não beliscadura das liberdades dos cidadãos -- situação que ganhou acuidade após o 11 de Setembro;
- Como as decisões de alavancagem da actividade económica do nosso país, com injecção de capital no sistema financeiro e investimentos públicos, por um lado e de manutenção do equilíbrio orçamental e de redução do défice externo, por outro, ambas as medidas justificadas e dificultadas pela actual crise económica e financeira.
- Ou as preocupações de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos e, ao mesmo tempo, aumentar a capacidade de investigação para que a Justiça fique mais célere e os crimes não fiquem impunes;
- O equilíbrio entre a necessidade democrática da informação dos cidadãos e, por exemplo, a devassa da vida privada de figuras públicas ou de julgamentos mediáticos e na praça pública;
- Ou a prestação social do Estado ao cidadão versus o aumento de impostos (excluindo a incidência do crescimento económico nestas realidades);
- Etc., etc. etc.

De certo modo, a flexibilização, no que ela contém de concertação, diálogo e que era, tradicionalmente, invocada pelas forças políticas de esquerda deixou de o ser quando ela contempla abertura a situações concretas, como, quando os aspectos competitivos da actividade obrigam a limitações de estatutos remuneratórios dos trabalhadores, salvo raras excepções, como é o caso da Auto-europa, na visão de esquerda de António Chora, que tem sabido equacionar as duas realidades, atingindo o que se pode chamar um alto “nível de resiliência”.

Já a resistência, configurando rigidez negocial ou de princípios, imposição de normas e comportamentos e garantindo as funções do Estado, em especial a segurança de pessoas e bens que, tradicionalmente/convencionalmente era apanágio das forças de direita são, hoje, consensuais, quer para a esquerda quer para a direita. Só se notam diferenças casuísticas (despenalização do aborto, eutanásia, etc.) e não me parece possível estabelecer doutrina diferenciadora no espectro político, pois, toda a gente diz defender a segurança e a Democracia, embora se saiba que há diferentes maneiras de defender a mesma coisa…

O debate político parece, assim, estar a deslocar-se das categorias “carimbadas” ideologicamente para um pragmatismo político de resolução de problemas que a vida social levanta. Passando esta resolução muitas vezes pela conciliação e criação de novas vias (umas problemáticas, outras solucionáticas…, passe o neologismo), parece que se pode começar a definir a qualidade das soluções encontradas pelo nível de resiliência conseguido. Ou não? A resiliência substitui a ideologia ou a ideologia passou a definir-se pelo patamar de resiliência? Ou seja, o nível em que é atingida a conciliação das realidades sociais que conflituam.

domingo, 28 de junho de 2009

A Estratégia e as dúvidas do estratego em tempos de crise

Um grupo de vinte e oito economistas – professores, gestores, consultores, ex-ministros com experiência governativa longa, curta, recente ou muito antiga – resolveram dar um contributo à nação através do estudo e da opinião sobre o acerto das decisões sobre os investimentos públicos em grandes obras de infra-estruturas e da sua oportunidade. É saudável que se debata se as opções de combate à crise de 2008, em Portugal, passam pelos investimentos públicos em grandes ou pequenas obras ou se se devem privilegiar as responsabilidades do défice orçamental e dos montantes da dívida pública.

Como referi na nota que antecede esta no blog, tratam-se de decisões estratégicas para o nosso país pelos pressupostos que as caracterizam. E a Estratégia, corpo de conhecimentos acessíveis, invocada por todos, desde políticos a vendedores de automóveis, reduzida indistintamente ao bom senso e ao senso comum… foi considerada como uma reflexão que conduz à decisão e esta à acção. Depois da chamada Estratégia da Dissuasão Nuclear também se pode considerar que há estratégias que pretendem evitar a acção. A Estratégia, como conjunto de teorias, pode ser considerada uma teoria sem prática, neste caso, uma teoria da não-acção.

Dito isto, o melhor é entender a Estratégia como uma ciência (?), uma arte (?) que professa algumas ambiguidades. Mas, se atendermos aos inexoráveis desvios entre tudo (quase tudo?) o que é planeado obter e os resultados alcançados, então, a estratégia definida é, normalmente, algo eminentemente aleatório e incerto. Todavia, estas características da arte não conferem a menor humildade aos seus cultores estrategos, quer na área militar, quer na empresarial, quer na política… Porque, antes de qualquer atributo, é preciso acreditar na estratégia a adoptar, seja ela qual for…

A este respeito os militares têm uma colocação exemplar. O estado-maior do Comando prepara a decisão, apresentando várias propostas de decisão ao comandante e informa qual é a proposta preferida pelo Estado-Maior. Diz o regulamento de operações que vem desde o Conde de Lippe que “o Comandante retira-se e decide sozinho”. Forma elegante de dizer que a responsabilidade é inteiramente dele! E diz ainda que a partir da tomada da decisão pelo comandante, “o Estado-Maior passa a considerar a decisão como a sua melhor proposta”… (Cito de memória, mas creio que as palavras têm o sentido que é aqui transmitido). A Decisão adquire assim um carácter aglutinador e mobilizador. Adquire o sentido contrário ao que se tem assistido na sociedade portuguesa, onde, logo que há uma decisão, surgem dúvidas sobre ela. Foi assim no Novo Aeroporto de Lisboa, está a sê-lo nas auto-estradas e no TGV. É certo que as más decisões abundam em Portugal. São históricas e de anedota. Só como exemplo, a última estação que se inaugurou do metro de Lisboa, que tem 40 anos, a estação de Santa Apolónia, deveria ter sido a primeira, para iniciar a ligação do comboio de Vila Franca à cidade! Andámos 40 anos a errar…

Todavia, quer por receios sobre o que a decisão significará no futuro, quer por interesses apoiados ou contestados ou, simplesmente, porque a responsabilidade das decisões não são devidamente atribuídas ou assumidas e são, ainda e quase sempre, mal explicadas, a verdade é que se instala a dúvida na opinião pública sempre que chega a hora de decidir. E parece que seja de admitir que a descrença sistemática na decisão, antes de conhecidos os seus efeitos, resulta da falta de confiança em quem decide.
Mas o que chega a ser engraçado, no campo ambíguo e aleatório dos conhecimentos da Estratégia, é que a incerteza e a dúvida são ínsitas do trabalho do estratego. A sua lógica é probabilística. Contudo, está para nascer o primeiro estratego que confesse que duvida da sua estratégia. Mas daqui a defender-se que é preferível viver sem decisão, sem acção, porque há uma crise, é o mesmo que adoptar a estratégia de dissuasão quando as bombas já começaram a rebentar… A crise está aí e é preciso combatê-la! Sair dela bem, ou seja, na “melhor posição possível de competitividade relativa”.

A Estratégia e as dúvidas do estratego em tempos de crise







Um grupo de vinte e oito economistas – professores, gestores, consultores, ex-ministros com experiência governativa longa, curta, recente ou muito antiga – resolveram dar um contributo à nação através do estudo e da opinião sobre o acerto das decisões sobre os investimentos públicos em grandes obras de infra-estruturas e da sua oportunidade. É saudável que se debata se as opções de combate à crise de 2008, em Portugal, passam pelos investimentos públicos em grandes ou pequenas obras ou se se devem privilegiar as responsabilidades do défice orçamental e dos montantes da dívida pública.

Como referi na nota que antecede esta no blog, tratam-se de decisões estratégicas para o nosso país pelos pressupostos que as caracterizam. E a Estratégia, corpo de conhecimentos acessíveis, invocada por todos, desde políticos a vendedores de automóveis, reduzida indistintamente ao bom senso e ao senso comum… foi considerada como uma reflexão que conduz à decisão e esta à acção. Depois da chamada Estratégia da Dissuasão Nuclear também se pode considerar que há estratégias que pretendem evitar a acção. A Estratégia, como conjunto de teorias, pode ser considerada uma teoria sem prática, neste caso, uma teoria da não-acção.

Dito isto, o melhor é entender a Estratégia como uma ciência (?), uma arte (?) que professa algumas ambiguidades. Mas, se atendermos aos inexoráveis desvios entre tudo (quase tudo?) o que é planeado obter e os resultados alcançados, então, a estratégia definida é, normalmente, algo eminentemente aleatório e incerto. Todavia, estas características da arte não conferem a menor humildade aos seus cultores estrategos, quer na área militar, quer na empresarial, quer na política… Porque, antes de qualquer atributo, é preciso acreditar na estratégia a adoptar, seja ela qual for…

A este respeito os militares têm uma colocação exemplar. O estado-maior do Comando prepara a decisão, apresentando várias propostas de decisão ao comandante e informa qual é a proposta preferida pelo Estado-Maior. Diz o regulamento de operações que vem desde o Conde de Lippe que “o Comandante retira-se e decide sozinho”. Forma elegante de dizer que a responsabilidade é inteiramente dele! E diz ainda que a partir da tomada da decisão pelo comandante, “o Estado-Maior passa a considerar a decisão como a sua melhor proposta”… (Cito de memória, mas creio que as palavras têm o sentido que é aqui transmitido). A Decisão adquire assim um carácter aglutinador e mobilizador. Adquire o sentido contrário ao que se tem assistido na sociedade portuguesa, onde, logo que há uma decisão, surgem dúvidas sobre ela. Foi assim no Novo Aeroporto de Lisboa, está a sê-lo nas auto-estradas e no TGV. É certo que as más decisões abundam em Portugal. São históricas e de anedota. Só como exemplo, a última estação que se inaugurou do metro de Lisboa, que tem 40 anos, a estação de Santa Apolónia, deveria ter sido a primeira, para iniciar a ligação do comboio de Vila Franca à cidade! Andámos 40 anos a errar…

Todavia, quer por receios sobre o que a decisão significará no futuro, quer por interesses apoiados ou contestados ou, simplesmente, porque a responsabilidade das decisões não são devidamente atribuídas ou assumidas e são, ainda e quase sempre, mal explicadas, a verdade é que se instala a dúvida na opinião pública sempre que chega a hora de decidir. E parece que seja de admitir que a descrença sistemática na decisão, antes de conhecidos os seus efeitos, resulta da falta de confiança em quem decide.
Mas o que chega a ser engraçado, no campo ambíguo e aleatório dos conhecimentos da Estratégia, é que a incerteza e a dúvida são ínsitas do trabalho do estratego. A sua lógica é probabilística. Contudo, está para nascer o primeiro estratego que confesse que duvida da sua estratégia. Mas daqui a defender-se que é preferível viver sem decisão, sem acção, porque há uma crise, é o mesmo que adoptar a estratégia de dissuasão quando as bombas já começaram a rebentar… A crise está aí e é preciso combatê-la! Sair dela bem, ou seja, na “melhor posição possível de competitividade relativa”.




terça-feira, 16 de junho de 2009

TGV: é ou não estratégico?



Quando Sun Tzu disse há cerca de 2500 anos que a Estratégia tinha de ser feita de acordo com os ‘deuses e as terras’, esta era a maneira que ele tinha de dizer que as estratégias têm de ter em conta o ‘tempo e o espaço’. Com os tempos mudam as vontades mas a geografia, o terreno sobre o qual a Estratégia elege opções e decisões é imutável. Os factores físicos são oportunidades ou condicionantes. Facilitam ou dificultam as opções, ou seja, a sua concretização com o menor custo.

Não revelo nenhum segredo se disser que Portugal é um país periférico em relação à Europa… Afasto a argumentação de que o país se encontra no âmago de uma centralidade mais vasta, compreendendo a América Latina, África e a tal porta de entrada do Atlântico, esquecendo quem acha que Lisboa não tem de ter porto de mar… e quem ignora a concorrência doutros portos europeus, onde os cidadãos gostam de ver guindastes, navios, contentores, docas, barcos de recreio, bares, restaurantes etc… E afasto porque mais de 80% do nosso comércio se faz com a Europa, o que não significa que tal situação não signifique um constrangimento estratégico, a contrariar com a abertura das nossas exportações a outros continentes. Razão porque aplaudi a publicidade do Presidente Chaves a atirar com o Magalhães ao chão!...

A distância periférica resultante da nossa localização geográfica constitui uma vulnerabilidade estratégica que só pode ser compensada com transportes mais rápidos, mais económicos e ecologicamente sustentados. Não consigo imaginar como se pode defender uma opção estratégica diferente. Como se pode aceitar que o país contíguo faça um TGV até Badajós e nós não o queiramos fazer de Badajós a Lisboa. Peço desculpa da minha “arrogância teórica” mas quem acha que Portugal, os nossos portos, claro, não têm de estar ligados por bitola europeia de caminho de ferro ao centro da Europa… não está com os deuses de Sun Tzu. Os tempos são de TGV. O modo é a velocidade, pensaria hoje quem pensou estrategicamente no tempo em que só havia carroças.

Também se fala na oportunidade desta decisão, tomada em momento de crise e com elevado endividamento público. O que é estratégico tem necessariamente relação com o que é essencial ou importante, com o meio exterior e com o futuro. O TGV é uma infra--estrutura com estas três componentes. É portanto um investimento estratégico. Adiá-lo, não o fazer, é não cumprir, é falhar no essencial, é comprometer o futuro e acentuar uma das nossas vulnerabilidades estratégicas: a situação periférica. Na lógica iterativa que caracteriza o pensamento estratégico, as capacidades para a realização dos objectivos têm de ser adquiridas, dentro de um planeamento que confere oportunidade ideal à execução dos objectivos mas a opção do seu abandono é a derrota, a desistência.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

As interpretações da verdade dos números

A verdade dos números não pode ser desmentida,é quantitativa. Mas também pode ser qualificada. E qualificada com os argumentos, as ideias do arsenal intelectual e o ângulo de visão de cada um. O raciocínio técnico precisa de quantificar mais e qualifica menos. No político dá-se o contrário: não deixando de quantificar, carece de qualificar muito mais.

Ontem o PSD ganhou as eleições para o Parlamento europeu. Ganhou por cinco por cento a mais que o segundo lugar, o PS, ficando com cerca de 32%. Longe da maioria que o PS tem para formar governo maioritário, a interpretação dada pelos dirigentes sociais democratas sugere que entramos num novo ciclo político, caracterizado pelo descontentamento com as políticas do governo PS. Logo, a hipótese plausível de ganhar as próximas legislativas.

A verdade dos números está nos portugueses que votaram. A verdade qualificada está na cabeça de cada um, dos intérpretes, comentadores e, cá na minha, nas dificuldades que a crise nos começa a infligir e levou muita gente a votar de protesto, contra a situação difícil, penalizando o partido que forma governo.

Mas há outras verdades apenas qualitativas, como a de dois candidatos serem ao mesmo tempo candidatos a duas das maiores câmaras municipais do país. Fica mal. Significa que não acreditam na eleição municipal e querem garantir ocupação europeista. O cabeça de lista que me pareceu de início uma optima escolha... enganou-me. Deu tiros no pé, mas tiros de canhão e continuo a considerá-lo que se propunha à campanha mais séria, pela consistência dos temas que poderia debater mas que não interessavam minimamente à imprensa e, provavelmente, às pessoas. E deixou-se envolver em dificuldades que ele próprio criou, como a do José Manuel Barroso. Dá a impressão que José Sócrates não falou dois minutos sobre os temas do PS e do Governo para as eleições europeias com Vital Moreira, tal era o afastamento de posições de um e outro.

Depois há uma realidade psico-sociológica preocupante e estúpida mas que tem reflexos nos resultados eleitorais. É que para um “jovem” com menos de 30 anos, alguém com mais de 50 é velho! E para velho já basto eu… diz uma grande parte da nossa população.

terça-feira, 2 de junho de 2009

O discurso na campanha para as europeias

O discurso na política


“Falar verdade”, Manuela Ferreira Leite. “A verdade é mobilizadora”, Cavaco Silva. “A verdade a que temos direito”, Jornal Avante. “Só a verdade é revolucionária”, Marx. “Quem és tu?, pergunta Pilatos. Eu sou a verdade, responde Cristo”.
Isto é o que me vem mais imediatamente à memória, mas em que contexto isto foi mesmo dito e que significado tem para cada um?

A verdade é só uma ou é uma para cada um? A verdade democrática é aquela em que a maioria acredita ou são todas as que podem ser formuladas com liberdade de exame e opinião? As verdades certas e as erradas. Decididamente não é o tipo de verdade sentenciosa, indiscutível, do tipo de quem fala com a liberdade na barriga… ou no bolso, fazendo muitas vezes da ignorância uma fonte de argumentos, a opinar sobre tudo e quando muito bem quer, como ocorre frequentemente com os comentaristas de serviço na imprensa. Raramente se lhes ouve: “Disso eu não sei, não estou informado”.

O maior problema, salvo melhor opinião (bonito!…), talvez (que humildade!…), resida no discurso político. No discurso, omitir a verdade não é mentir e mentir não implica na negação da verdade. Pelo contrário, a mentira ganha credibilidade se misturada com a verdade… A noção de que a verdade e a falsidade se excluem, são categorias opostas, só existe na lógica. No discurso, esta lógica depende de outros elementos determinados pelos objectivos a atingir, como se vê exemplarmente nesta campanha eleitoral para o Parlamento europeu, desenvolvida por alguns líderes políticos. A verdade para alcançar os objectivos é a que figura nos discursos, numa metalinguagem.

Grave, também, é a falta de coerência e honestidade do discurso, dissimulados na torrente de verdades e mentiras que os meios de comunicação são incapazes de identificar e, assim, contribuir para que a verdade obtivesse maior funcinalidade. O valor da verdade não está inscrito no comportamento político a que se tem assistido nesta campanha para as europeias. O PSD e o CDS que fazem parte da mesma formação política no parlamento europeu e são o maior grupo, e formam maioria, falam como se fossem inimigos e lutassem contra a maioria do PS… também na Europa, que não existe… Aliás, o PCP e o Bloco também estão associados na Europa e acusam o PS e o PSD de estarem juntos nas políticas. Quais? Em algumas estarão, claro, mas no Parlamento de cá como no de lá o confronto é visível.

Como já se deram conta de que eu defendo a verdade múltipla… ouso dizer que o candidato Vital Moreira é de todos o que tem colocado mais temas à discussão dos portugueses e tido um comportamento e um discurso mais preocupado com as verdades afirmadas do que com os efeitos das mentiras ditas. Sem demagogices!
Manuel Pedroso Marques.

domingo, 24 de maio de 2009

Da originalidade desta crise económica

Aspectos da originalidade desta Crise


Esta é a primeira crise económica na qual, à priori, se assume publicamente que os seus custos têm de ser pagos pelo contribuinte. As crises anteriores afectaram, de um modo geral, todos os extractos sociais, embora de forma desigual. Uns pagavam, faliam, empobreciam, sofriam uns mais do que outros, enquanto alguns se enriqueciam, ao mesmo tempo. O que há de novo é que, para combater esta crise, usam-se fundos públicos, na ideia de que compete aos Estados a salvação do sistema financeiro, ou seja, compete-lhes evitar a corrida aos bancos, esconjurar o espectro das falências generalizadas. Para isso têm de injectar dinheiro dos contribuintes no sistema, de garantir depósitos, têm de se lançar em investimentos aumentando a dívida estatal que, necessariamente, os contribuintes vêm a ter de pagar, mais tarde, principalmente se esses investimentos não forem rentáveis acima da taxa de inflação verificada.

E poderia ser de outra maneira? Na verdade já se viveram crises de diferentes modos. Em 1929, os suicídios foram uma via de fuga ao empobrecimento e à incapacidade de lhe resistir. Mas só aconteceu aos ricos. Os pobres transformaram o Central Park de Nova York numa horta aprazível, ou inspiraram sagas no género das “Vinhas da Ira” e doutras histórias neo-realistas. Em três anos faliram mais de dez mil bancos nos EUA. Hoje, só faliram meia dúzia, ninguém se matou e contam-se pelos dedos os banqueiros presos…

Que o Mundo mudou é dizer uma banalidade. Mas o que nele mudou com efeito na resposta a dar a esta crise já tem mais alguma exigência. Dizia-se que “quem não trabalha não come”. Hoje, é um facto que quem não trabalha só come… Porque há um subsídio, um rendimento mínimo e uma assistência pública ou caritativa que dá de comer ao desempregado que pode sentir-se marginalizado, subestimado e, seguramente, também, que triste e rejeitado… Mas para comer…

O nível de monetarização da economia moderna alterou profundamente a relação das pessoas com a própria vida. Para muita gente os factores de produção económica são realidades longínquas ou desconhecidas, mesmo constituindo produtos do seu consumo diário. Viveram trabalhando em serviços, descontaram o seu seguro de reforma e a sua entidade como ser oeconomicu resume-se à pensão mensal que lhes paga a vida. Pensar que o sistema financeiro actual exagerou ao criar mecanismos financeiros de especulação alheios à economia real, é exacto mas pensar que poderia ter sido diferente, é acreditar numa improbabilidade. O gestor e a gestão, os banqueiros e a banca, não agem por regras, antes, criam mecanismos competitivos para as realidades que o mercado livre inventa. E inventaram mecanismos de crédito e de negócio em bolsa que não lembrava a ninguém há uns anos atrás. Aos governos cabia constituir outros mecanismos, estes de regulação, aqui sim, com normas, regras e princípios, no patamar político da vida social. A moda neoliberal ajudou a esta omissão. A causa da crise terá sido de raiz económico-financeira mas a culpa do seu aparecimento será também política. Por isto, não me parece que constitua qualquer solução para a crise a actividade de zurzir os reguladores. Eles não tinham poder e foram surpreendidos pelo que julgavam salutar: a dinâmica concorrencial do mercado. Andavam enganados … (mas parece que bem pagos… passe a ironia foleira).

Chega-se ao ponto de encontro, criado pela necessidade de injecção de liquidez e pela sustentabilidade dos fundos que garantem os sistemas sociais. Dito de outra forma: resolver a crise sem provocar tumultos sociais. Dois factores que significam a mesma coisa: dinheiro dos impostos e endividamento do Estado, dado que a retoma económica está, obviamente, adiada. Nunca precisámos tanto de ser governados por quem tenha a vontade e a liberdade para encontrar soluções e decidir.
Manuel Pedroso Marques

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Bloco central: soma de 'resultado nulo'

Bloco Central: soma de ‘resultado nulo’

Prefiro o exercício de fissão de ideias que origine novas soluções e caminhos alternativos do que a fusão de ideias distintas, redutora de diversidades e de opções. Não penso deste modo apenas no campo abstracto e no político mas penso o mesmo também sobre as empresas e projectos. A fusão de empresas reduz a concorrência e não contribui para o enriquecimento da oferta ao cliente, prejudicando-o, de um modo geral. Creio que o mesmo se passa nas coligações de projectos políticos enunciados por forças políticas distintas e apoiados por eleitorados diferentes. Gera confusão nas escolhas pelos eleitores, gera partilha de responsabilidades das quais os protagonistas alternam em querer fugir ou reivindicar, além das dificuldades resultantes de qualquer divisão de poder.

Quando a fusão de projectos de organizações políticas não assenta em capacidades e apoios políticos complementares que permitam o alcance de objectivos de maior dimensão ou dificuldade, neste caso, a fusão aumenta as eventuais insuficiências que as organizações separadamente já possuíam. Juntar vulnerabilidades e incapacidades é criar um desastre conceptual e orgânico.

Parece-nos, pois, que o exercício de coligações passa por uma identificação de capacidades e apoios distintivos que aumentassem recursos de actuação política e não o seu contrário. Ora, tanto nos pontos de vista expressos pelo PS como pelo PSD, os seus projectos, para além das diferenças e semelhanças que sempre existem, por maiores ou menores que sejam, são enunciados numa estratégia de afrontamento e repúdio de contactos, que torna impossível a constituição de uma plataforma política comum de governo do país.

Muitas das medidas adoptadas por este governo do PS são portadoras de progresso político e cívico que nenhum dos partidos à sua direita subscreveria. E à sua esquerda, a postura é de mera contestação, sem se quererem comprometer nas responsabilidades públicas limitadas à sua expressão eleitoral. Preferem esperar… dizem. Como é também evidente, as dificuldades da crise que se vive no Mundo e em Portugal levam muita gente a pensar na enorme base social de apoio constituída pelo PS e pelo PSD, suficiente para apoiar todas as políticas, por mais difíceis. Todavia, não se sabe é em que políticas os dois partidos acordariam.

Dando por aceite que só antes das eleições e nunca depois delas é possível estabelecer um projecto de governo sério e que, a este respeito, os dados já estão lançados, temos:
- a estratégia é de confronto sem viabilidade de conversas, quanto mais entendimentos com o PSD, o que é muito positivo na opinião de muitos;
- ambos os partidos querem, naturalmente, ganhar mas, como para ganhar um perde o outro, a soma desta luta política entre PS e PSD pode ser de ‘resultado nulo’ para o país, no caso de não haver maioria absoluta de nenhum partido, o que preocupa muitas opiniões diversas, desde Jorge Sampaio a Cavaco Silva;
- sendo certo que as lideranças do PSD se podem alterar no caso de perda das eleições, colocando novas interrogações sobre acordos de efeito parlamentar;
- estamos perante uma situação na qual a política partidária não dá grande espaço à política do país;
- e como já vamos no XVII governo constitucional e alguns ministérios com perto de 30 ministros desde O 25 de Abril, dou razão a quem pensar que, na conjuntura política actual, só a maioria absoluta do PS garante estabilidade governativa.

Manuel Pedroso Marques

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Agressão a Vital Moreira na palavra dos outros

Sobre as agressões a Vital Moreira na Manif. do 1º de Maio houve declarações e declarações. Umas, digamos, casuísticas, limitavam-se a denunciar a violência como um comportamento antidemocrático. Outras, davam-se ares de declarações mais ambiciosas nos efeitos que procuravam criar na opinião pública. E sendo assim, adquiriam conotações estratégicas por parte dos responsáveis políticos que as proferiam.

Vejamos. Em primeiro lugar foram declarações polemológicas, feitas para combater o adversário, representante do agredido. Segundo, as declarações foram 'pragmáticas', ou seja, orientadas para efeitos consequentes, a verificarem-se no futuro, ou seja na campanha eleitoral que se inicia. E em terceiro lugar, por serem objecto de comunicação pública, foi-lhes atribuído carácter de importância essencial.

Os partidos à esquerda do PS, mais o PCP que o Bloco, foram colocados sob a suspeita das agressões ao candidato do Partido Socialista às eleições para o Parlamento Europeo. Ora, só se deve fazer uma comunicação pública quando se pretende obter pelo menos um dos pressupostos estratégicos para o sistema em causa: a importância essencial, dialogar com o ambiente externo ou procurar condicionar o futuro a nosso favor.

Assim, todos os líderes políticos que usaram da palavra para desvalorizarem os factos cometeram um erro. Sobre o que não tem valor não há nada a comunicar. Não se deve falar... Todos os que "viraram o bico ao prego" e quizeram dizer que Vital Moreira, quando se meteu na Manif da CGTP estava "a pedi-las" acham que podem gerir a realidade e fazer de agressor o agredido. Ora, a realidade 'não se deixa gerir mal por muito tempo'. Este argumento, além de nos reduzir ao grau zero de convivência democrática, volta-se rapidamente contra quem o usa. Como também não adianta dizer-se que a vítima da violência vai ganhar com isso. E se ganhar?! A agressão não se torna mais grave por o agressor condenar quem a lamenta?

Vem isto a propósito das declarações de Jerónimo de Sousa. Francisco Louçã falou melhor: falou menos. E com esta esquerda, não vamos a lado nenhum... porque, simplesmente, o PS não está lá!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A Crise e os decisores

"Quando estava para morrer, os seus discípulos mais dedicados
queriam rezar por ele (Confúcio) mas ele objectou, dizendo que
já rezava há muito tempo à sua maneira, não com palavras mas
com actos".

(In. O Jogo Estratégico na Gestão, M. Pedroso Marques





As crises não introduzem qualquer especificidade estratégica que não ocorra numa situação normal. Em tempos de crise, como em tempos normais, o que se precisa é de um conjunto de opções estratégicas adequadas à resolução dos problemas, ajustadas à 'situação'. Quando se diz Estratégia de Crise é o mesmo que dizer uma estratégia aplicada àquela situação crítica.


Todavia, as crises provocam comportamentos dos decisores que divergem dos que apresentam em situações normais. Desde logo, porque as crises quando nascem são como o Sol. São p´ra todos. Todos começam a reagir. A tentação para ver o que é que cada um faz é imparável. Depois, a crise que nós temos não é a primeira. E nunca nenhuma durou sempre. E nunca nenhuma foi rigorosamente igual à outra. Daqui resulta uma enorme panóplia de medidas que foram tomadas e ignoradas por uns e outros.
Resultado: a gestão de crises constitui um dos exercícios de gestão mais difíceis e tumultuados que se conhecem. Os países e os espaços em que se inserem são forçados a um relacionamento pragmático, mais consequente que o habitual. Mormente quando os condicionantes estratégicos, ou seja alguns constrangimentos estratégicos, que constituiram opções do passado, implicam na criação de quadros de reflexão estratégica que não controlamos em exclusivo. Exemplo disto seria deduzir uma estratégia para Portugal sem atender ao que a UE nos impõe, por exemplo, para continuarmos no Euro.
Entretanto, o 'estratego, cuja vaidade é historicamente comprovada' (Lucien Poirier), tem que evidenciar confiança na estratégia enunciada, pois, se assim não for como é que ele arranca com a tropa atrás dele? É nesta altura que se levanta mais facilmente a quebra de solidariedade para com os sistemas a recuperar da crise. Mas também é o momento em que a acção é mais necessária e apreciada e a omissão ou a paralização mais prejudicial e desprezível.





quinta-feira, 23 de abril de 2009

Distraindo o Santo

Uma velha anedota espanhola que fui associando a qualquer coisa que para mim foi significando 'um princípio de gestão' ou, digamos, uma "meia lógica" de ver certas coisas, deu origem ao baptismo deste blog: Distraindo o Santo.

A Anedota: Numa igreja encontraram-se dois devotos, ambos a pedir "os favores" do mesmo Santo. Um, bem apessoado, dizia que, se fizesse um tal negócio, lhe punha na caixa de esmolas uma nota de quinhentos euros. Ao lado, outro mais insistente, com ar modesto, oferecia vinte euros pela realização do seu negócio.

Então, o primeiro vira-se para o segundo e pergunta-lhe: Quanto vale o teu negócio?

Duzentos euros, respondeu este.

O bem apessoado rapa da carteira e "toma lá os duzentos e não me distraias o Santo!"