quarta-feira, 6 de maio de 2009

Agressão a Vital Moreira na palavra dos outros

Sobre as agressões a Vital Moreira na Manif. do 1º de Maio houve declarações e declarações. Umas, digamos, casuísticas, limitavam-se a denunciar a violência como um comportamento antidemocrático. Outras, davam-se ares de declarações mais ambiciosas nos efeitos que procuravam criar na opinião pública. E sendo assim, adquiriam conotações estratégicas por parte dos responsáveis políticos que as proferiam.

Vejamos. Em primeiro lugar foram declarações polemológicas, feitas para combater o adversário, representante do agredido. Segundo, as declarações foram 'pragmáticas', ou seja, orientadas para efeitos consequentes, a verificarem-se no futuro, ou seja na campanha eleitoral que se inicia. E em terceiro lugar, por serem objecto de comunicação pública, foi-lhes atribuído carácter de importância essencial.

Os partidos à esquerda do PS, mais o PCP que o Bloco, foram colocados sob a suspeita das agressões ao candidato do Partido Socialista às eleições para o Parlamento Europeo. Ora, só se deve fazer uma comunicação pública quando se pretende obter pelo menos um dos pressupostos estratégicos para o sistema em causa: a importância essencial, dialogar com o ambiente externo ou procurar condicionar o futuro a nosso favor.

Assim, todos os líderes políticos que usaram da palavra para desvalorizarem os factos cometeram um erro. Sobre o que não tem valor não há nada a comunicar. Não se deve falar... Todos os que "viraram o bico ao prego" e quizeram dizer que Vital Moreira, quando se meteu na Manif da CGTP estava "a pedi-las" acham que podem gerir a realidade e fazer de agressor o agredido. Ora, a realidade 'não se deixa gerir mal por muito tempo'. Este argumento, além de nos reduzir ao grau zero de convivência democrática, volta-se rapidamente contra quem o usa. Como também não adianta dizer-se que a vítima da violência vai ganhar com isso. E se ganhar?! A agressão não se torna mais grave por o agressor condenar quem a lamenta?

Vem isto a propósito das declarações de Jerónimo de Sousa. Francisco Louçã falou melhor: falou menos. E com esta esquerda, não vamos a lado nenhum... porque, simplesmente, o PS não está lá!

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