terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A República em Paredes de Coura

Não é meu costume falar das actividades pessoais mas desta vez eu fui o motorista que acompanhou a Maria Antónia a Paredes de Coura. Ela foi lá participar numa série de colóquios sobre a República e, naquele dia, sobre "As mulheres na República".
Participava também o advogado José Miguel Júdice e a moderação ficou a cargo de Manuela de Melo. A organização cabia à Câmara Municipal sob a orientação do escritor Mário Cláudio.
E foi bonito! Pontos de vista diferentes que salientavam não só as diferenças como as coincidências, o que é raro nos debates em que cada um acha que revela mérito no acantonamento ferrenho das suas opiniões. Reconheceu-se que Afonso Costa agia segundo uma ética de intenção política, nem sempre observando o processo formal da regra democrática: por exemplo, não deu o direito de voto claramente às mulheres porque sabia que elas não eram republicanas, na sua maioria... (A conversa não ficou por aqui, entretanto).
E a participação do público, casa cheia, desinibida e inteligente, tornando o debate vivo e coordial.
Tudo isto numa noite de um frio de rachar, em que os de lá recomendavam cuidado aos de fora, como nós, que o chão estava vidrado de gelo, não fossem os lisboetas estatelar-se em terras do Coura...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

As presidenciais sem Presidente

Decididamente pertenço aos que acham que o atual sistema político português, de semipresidencialismo, deriva do medo das concentração de poderes (não vá o diabo tecê-las), como foi consensual quando se redigiu a nossa Constituição, após 48 anos de Ditadura. Como tenho dito e se verifica mais uma vez, as presidenciais em curso não podem ser mais do que uma diletante arengada sobre se o PR é coordenador, estratégico ou caso a caso, regulador, moderador, pacificador, magistrado influenciador ou mais ou menos interventor, consensualizador de interesses mais ou menos conciliáveis... sem que a Constituição lhe confira poderes efectivos para nada. Para nada a não ser dissolver o Parlamento e antecipar eleições, o que é um poder tão desmesurado que a vida política normal não justifica. Não justifica e, por isso, está fora do projecto político de todos os candidatos. Nenhum diz que, se for eleito, derruba o atual governo...
Cabe então aos eleitores advinhar o que cada um dos propostos presidentes seria mais capaz de fazer em relação ao seu mais importante e efectivo poder constitucional sobre a acção governativa. Qual deles corre mais depressa com o governo ou qual deles se incomoda menos com a instabilidade que tal acrescia no país.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A União Europeia face às necessidades imediatas: viver à custa do trabalhinho...

A União Europeia tem e preservar a equidade e a igualdade de julgamento sobre cada um dos seus membros, sejam países grandes ou pequenos, contribuam mais ou menos para o Orçamento da União, sejam mais ou menos ricos e poderosos. A Alemanha e a França também já excederam os défices permitidos pelos instrumentos aprovados pela União sem o escarcéu que se fez e faz sempre que os incumprimentos são efectuados por países do Sul.
Se alguma compreensão é devida, porque justificável, na diferença de comportamentos será nas que resultem da compatibilização de situações macroeconómicas com as de conjuntura sempre que elas protejam os países de maior rendimento em comparação com os de menor. A solidariedade será um valor justificável em razão de dados de conjuntura económica como em razão de calamidaes geoclimáticas. A globalização é um fenómeno que tem repercussões diferentes nos países desenvolvidos, produtores de "bens de capital" (para usar uma expressão chocante...) e nos países menos desenvolvidos, fornecedores de mão de obra, sem poder competitivo com a mão de obra barata do Sueste asiático. Ignorar isto é uma impossibilidade.
Dizer que os mercados, como agora se identificam os credores dos países sobre-endividados, acabam por refletir a única forma de "justiça" sobre os países incumpridores, através do juro que praticam, é o mesmo que defender que se viva num Mundo sem regras, logo, sem Democracia. Vivemos numa liberdade em que o poderoso oprime o fraco e este não tem Leis que o libertem... Onde são contratualizados os emprestimos obtidos pelos países endividados? No leilão, sem regras, restrito a quem tem dinheiro para emprestar, muitas vezes (se não a maioria das vezes) desinteressado em investir no seu próprio país e de promover o bem estar das suas populações?
Qual a resposta da UE à situação de países com um rendimento percapita ao nível da pobreza se permitirem comprar dívida dos países mais ricos do mundo? A globalização nasceu para mundializar produções, consumidores, inventores e fornecedores. Não para generalizar contradições destas: os países de gente paupérrima de bens materiais e culturais comprarem os mais evoluídos. Não se acha estranho a China ser o maior credor dos EUA? O facto de Timor se propor a comprar dívida portuguesa, excluindo a ternura da oferta, não parece chocante a ninguém?
É evidente que tudo isto se evitava se houvesse regras económicas e políticas na UE que uniformizassem os rendimentos e as produtividades das respectivas comunidades que a constituem. Ou se os países se convencessem a que não podem ter níveis de vida superiores ao rendimento do que produzem. Ninguém devia nada a ninguém que não soubesse ou tivese como pagar...
A minha vida sempre foi assim! E houve tempos que ela foi muito condicionada pelas chamadas necessidades imediatas...

sábado, 11 de dezembro de 2010

Nada será como dantes quando se vê o fundo à panela

A União Europeia pressupõe, como todas as uniões, a necessidade de um esforço geral de entendimento por parte dos seus membros. Para uma alemã, formada em Química, criada na antiga República Democrática Alemã, como a Sra. Merkel, que é quase como se fosse uma "seminarista", no seu dogmatismo moralista, ao ver os credores (os dos mercados...) ganharem um ágio absurdo sobre a compra de dívida soberana, dizer que, se os países devedores entrarem em incumprimento, esses credores tem de sofrer a quota de risco correspondente é a mais líquida das consequências.
"Os mercados" como agora se diz, claro, querem é o máximo juro com o mínimo de risco e vai de subir as taxas... Toda a gente achou que a Sra. Merkel prejudicou os países endividados, com aquela declaração. E, as taxas subiram logo...
Mas como poderá esperar-se um julgamento diverso de quem acha que não tem que dever nada a ninguém e viver só à conta do seu trabalho?
Parece-me que o melhor é os países deficitários pensarem que podem pertencer à União Europeia, à Moeda Única, mas que esta só lhes pertence na medida do que produzirem e não do que devam. O Euro vale para todos, é facto, mas não acabou com a noção de capital próprio e
alheio. E este paga-se com juro.
Mesmo assim, há que ache que pode pôr a cabeça da Sra. Merkel a funcionar ao contrário. Não pode, porque ela, como toda a gente, sabe que não adianta rapar quando se chega ao fundo da panela...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Nada ficará como dantes (a continuar)

As opiniões divulgadas sobre o futuro da Europa e da União Europeia oscilam em modelos de vida colectiva que gravitam entre dois polos distintos: o polo mais favorável, à volta de ideias generosas de manutenção do chamado "modelo social europeu", com uma segurança social geral e a garantir um mínimo de qualidade de vida; o mais pessimista, que perspectiva o fim do "Estado Social" por razões de impossibilidade da sua manutenção com o crescimento económico abaixo do valor necessário para o seu custeio.
Assim, o modelo futuro será definido pela evolução económica de Europa, numa economia global em que se considera imperioso viver. As compatibilizações que é forçoso construir, ou as contradições que não se conseguem evitar resultam de três dados de equação: o modelo rico e humanista do Estado Social europeu, o crescimento e superavit económico que o mantenha e como este crescimento se pode verificar numa economia global e concorrencial, em que países, como a China e outros, destroiem a competitividade europeia porque não têm Estado Social, nem Direitos Humanos a respeitar e, consequentemente, a competitividade deriva de multidões de seres humanos a explorar.
A Europa, em vez de discutir solidariedades para com os seus membros próximos da falência financeira, de expecular sobre as (des)vantagens de cada um permanecer no Euro, tem de tomar uma posição sobre este aspecto que caracteriza a globalização. Globalização que será difícil discutir porque a uns beneficia enormemente e a outros prejudica implacavelmente. A Alemanha está no primeiro caso, Portugal e outros no segundo. A Alemanha exporta teares e outra maquinaria para o Oriente, Portugal sofre a concorrência dos tecidos e outros produtos.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Saída da Crise

A Crise de 2008 que, como já se percebeu, se vai alastrar por mais alguns anos, começa a colocar questões de autêntica prospectiva. A prospectiva tem por metodologia pensar o futuro ao contrário das outras prospecções conhecidas, como a arqueológica ou a petrolífera (que está mais na actualidade), por exemplo. Nestas, pesquisa-se o passado ou as camadas do pré sal com os conhecimentos adquiridos e adoptados no presente. Na prospectiva do futuro tenta-se perspectivá-lo mediante a aplição dos métodos, das concepções, dos conhecimentos que se pensam sejam aceites, considerados válidos e adoptados nesse futuro, cuja descoberta se pretende.
Isto pode perecer um jogo de palavras mas faz parte do "jogo estratégico" para quem quizer continuar "em campo" perpetuamente. Assim, um exemplo que é frequentemente fornecido, a quem se interessa por estes temas, aponta o facto de os construtores de relógios de corda que nunca pensaram que viriam os de pilha fizeram uma leitura, tiveram uma visão, de futuro na base da tecnologia arqueológica, que não servia para perspectivar a evolução do seu mercado.
Até agora, em matéria de invenção de novas regras de prospectivar a saída para a actual crise, o mais que ouvi e li foi que nada continuará como dantes.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A União Europeia necessita de ser "reconfigurada"

Esta crise financeira e económica e que se está a tornar de grande projeção política para a Europa e para a União Europeia é peculiar na dimensão expeculativa.
Nunca nenhuma crise foi tão provocada pelas componentes financeiras da vida económica dos Estados. E, não obstante, nunca na História Económica se registam situações de um tão grande benefício do sistema bancário internacional e nacional. Nunca os Bancos se financiaram a 1% de juros nos Bancos Centrais dos Estados e da União Europeia para, ao mesmo tempo, comprarem dívidas soberanas de alguns Estados a 5, 6 e até 12% de juro. Isto é inconcebível, até porque os fundos dos Bancos Centrais, descontando os que podem imprimir moeda, são alimentados pelos Estados a que pertencem, que formam esses bancos Centrais. Bancos Centrais que, todavia, gozam de uma certa independência em relação aos governos dos Estados. Independência que garanta a verdade financeira da política dos governos. Constata-se que o sistema político está inferiorizado ou diminuído porque ainda não criou um sistema que afaste o espectro da "banca rota" da situação de crise social geral e incontrolável pelo regime capitalista, sem os custos sociais que relembram 1929.

Começa a falar-se que terá de haver "uma reconfiguração" do sistema político que gere a UE. Terá de acentar-se num conjunto de pressupostos que definam a verdadeira natureza desta união monetária que não é política. Ou que, sendo política, conserva objectivos reservados de cada um dos países que a constituem, incompatíveis com a ideia de uma moeda única. Começa a ser evidente que moeda única com políticas mais do que diversas, conflituantes, é uma impossibilidade. Os grandes países da UE tem de se entender quanto aos seguintes aspectos:
- Se sairem do euro alguns dos países em dificuldades o euro mantém-se?
- Se o euro acabar a UE continua?
- A UE pode continuar com outra dimensão e regressar às moedas nacionais?
- Qual o grau de solidariedade entre os vários países sda União quando se assiste a concorrência desleal entre alguns deles, como os dumpings fiscais da Holanda e da Irlanda; ou quando um país maior faz influir o tamanho do seu mercado nas relações com os outros, criando vantagens económicas? Etc, Etc,

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Irlanda, entre o pedido de ajuda e a concorrência fiscal que ela nos faz

A ajuda à Irlanda traduz uma solidariedade da UE para com um país financeiramente aflito, como o estão outros. Sem dúvida que a Irlanda é dos que está na situação mais crítica e o BCE e o FMI vão ajudar. Contudo, deveria pensar-se que quando o BCE ajuda, ajudam todos os países com a moeda Euro. Inclusive nós, Portugal, país relativamente pobre em comparação com a rica Irlanda. E, todavia, a Irlanda dá-se à desfaçatez de praticar um verdadeiro "dumping" fiscal, colocando em 12,5% a contribuição das empresas para o erário público quando em Portugal é 25% e nos outros países numa média que ronda os 20%. Assim, há muitas empresas estrangeiras que têm a sua cede naquele país, neste ponto, a funcionar como um "quase paraíso fiscal". Por este mecanismo de concorrência fiscal entre os países membros da UE, alguns dos maiores acionistas das maiores empresas portuguesas têm domicílio fiscal na Holanda e na Irlanda. É preciso ter lata para pedir ajuda com uma taxa de IRC destas! Ora, pagar, ajudar a quem nos faz esta concorrência poderia, também, dizer-se-lhe, para aumentar o IRC às tuas empresas, para não precisar de ser tão ajudado. Não tenho a menor dúvida que era isso que ouviríamos se Portugal (ou outro "PIG") estivesse na situação inversa.

domingo, 21 de novembro de 2010

Sobre a Cimeira da NATO em Lisboa

Pouco depois de 1989, da queda do Muro de Berlim, o Pacto de Varsóvia evaporou-se sem deixar vestígios de que tivesse existido. E a Nato? Além de se poder considerar que venceu a Guerra-fria, que a Democracia multipartidária e o regime capitalista como forma de organização económica no Mundo Livre venceram a Ditadura de partido único e de economia colectivista, o que se pode dizer que aconteceu à NATO em 20 anos? Nada! Poderia ter-se redimensionado, redefinido o seu conceito de actuação mas não. A sua primeira reacção na era de Bush foi de ampliar-se, fazendo a Rússia ver-se sem “profundidade estratégica”, que é como quem diz “ver-se nas barbas do “inimigo”…
O ambiente de Guerra-fria que se instalou a seguir à Segunda Guerra configurou-se pela existência de duas organizações político-militares opostas, como é sabido. A NATO, representando democracias pluripartidárias ocidentais da Europa e do Atlântico Norte (com excepção de Portugal que, sendo ditadura, foi país fundador da Organização, mercê da importância dos Açores) e o Pacto de Varsóvia em nome do bloco de países que constituíam as Repúblicas soviéticas. A primeira liderada pelos EUA e a segunda pela ex-URSS.
Foi um tempo de Paz mundial, de conflitos de dimensão apenas regional ou local. Uma Paz armada que fez valer a Estratégia de Dissuasão entre os dois blocos militares de projecção global. No fim da década de 80 a URSS implode. Sem conflitos internos que o impusessem ou denunciassem o país muda de regime político, abandonou a ideologia leninista e vê-se sem condições de ampliação da sua influência política no Mundo. Perdeu a hegemonia sobre onze países que esconjuraram o regime ditatorial de partido único em que a maioria viveu quase 50 anos e a Ucrânia e a Geórgia mais de 70. Países cujo espaço é superior a toda a restante Europa Ocidental, nove dos quais já aderiram à NATO e sete deles à União Europeia.
A Europa mudou. O Mundo mudou. Novos grandes países surgiram como potenciais potências políticas, já o sendo sob o ponto de vista económico. Nato. E, todavia, só agora, mais de 20 anos depois, se assiste a uma evolução dos conceitos estratégicos a adoptar pela NATO. No tempo do desmiolo político de Bush, ultrajando o Direito Internacional e a ONU com a invasão do Iraque e levando o “Ocidente” para uma situação difícil, até se chegou a defender que a NATO deveria estender-se ao Atlântico Sul. A 4ª. Esquadra da Armada dos EUA chegou a fazer exercícios a uma distância da costa brasileira que irritou os comandos militares daquele grande país. Os exercícios de treino feitos nas salas de operações das Forças Armadas brasileiras apresentam, nos “Dados de Situação”, a hipótese de guerra contra um país do norte e do mesmo continente… Isto, politicamente, não significa nada. Mas não deixa de constituir uma visualização probabilística dos comandos militares do Brasil, obviamente.
A implosão da ex-URSS e o 11 de Setembro foram os dois acontecimentos que vão assinalar o início do Século. O primeiro interferiu na evolução do relacionamento político entre os países agregados nos dois blocos, como seria de esperar, com reflexos no Mundo inteiro. O segundo está a criar uma nova postura de relacionamento entre as comunidades ocidentais e islâmicas, baseadas em factores culturais, religiosos e raciais, criando uma situação contra o sentido do movimento civilizacional que a História regista. Assim, se é certo que o Mundo evoluiu com a assimilação de valores civilizacionais, por parte das diferentes comunidades, o que agora acontece aponta para a recusa e o combate entre as comunidades de alguns desses valores, específicos das religiões e culturas tradicionais dessas comunidades.
O laicismo, um dos factores mais responsáveis pela convivência e tolerância religiosa ao longo da História, é posto em crise em várias zonas de conflito, se não mesmo combatido. Num ambiente de guerra com ocupação territorial de alguns países por forças militares internacionais e da NATO, no caso do Afeganistão e nos países resultantes da fragmentação da ex-Juguslávia, juntamente com acções de guerrilha, de atentados e de violações de Direitos Humanos, discute-se o uso do véu, da burca, da colocação de crucifixos em locais públicos e da prática de condenações à morte e de mutilações a pessoas por actos condenados pela religião adoptada.
Vivemos uma época em que o racionalismo é enfraquecido pelo dogmatismo, a política pelo populismo ignorante e pelos interesses económicos que não se esperava viesse a acontecer depois do término das ditaduras do Leste europeu.


Igual clima de irracionalidade política se apossou da Casa Branca no tempo do seu inquilino George W. Bush levando, pela mão fiel dos ingleses e outros indefectíveis, o Ocidente a vários “becos sem saída”, política e militarmente falando. A importância da Cimeira de Lisboa reside, entre outras coisas, em sair do Agfeganistão, onde nunca deveríamos (nós a NATO) ter entrado, para já não falar da aventura iraquiana.
Neste quadro estratégico das relações entre o Ocidente e a Rússia, para ajudar à complicação…, a NATO acha que poderia abrir as suas portas à Ucrânia e à Geórgia e a todos os países europeus que o desejassem, menos a Rússia, claro!
A que é que esta postura poderia levar? Ao corte do fornecimento de gás e outras fontes energéticas à Europa, ao estabelecimento de um oleogasoduto directo entre a Rússia e a Alemanha (a lembrar o Pacto Germano-Soviético de Hitler e Stálin, de triste memória), a ameaças de hostilidade da Rússia às posições face ao Irão e aos conflitos do Médio Oriente e, fundamentalmente, ao intervirem na Geórgia, para deixar claro que o alargamento inconsequente da NATO na Europa levava a que deixasse de haver condições para afirmar o Artº. 5 da Carta, segundo o qual, “o ataque a um país membro significa um ataque a todos”. Por outras palavras, a Osséssia não constituiria um “objectivo remunerador” dum conflito entre os “blocos que deixaram de se contrapor” nesta histórica Cimeira de Lisboa. Por este dado se compreende como a estratégia da NATO andou mal desenhada e desfasada.
Um novo quadro estratégico foi criado, por estas aberrações todas e pelo novo Presidente Obama. Nunca o ambiente foi tão desanuviado internacionalmente entre os Continentes europeu (do Cabo da Roca… ao país dos Urais) e os EUA. No comunicado final, nem uma palavra sobre a ideia canhestra de alargamento geográfico da Organização; ao contrário, a inscrição do conceito de parcerias cooperantes. A afirmação de que o “escudo antimíssil” na Europa será orientado para o espaço exterior, compreendendo a Rússia na área a proteger e de que a Aliança terá armas nucleares enquanto elas existirem. Mas os países que mais as têm comprometem-se a reduzi-las.
Foi um passo importante no sentido da Paz. Que não será a “Paz Perpétua” que Emanuel Kant já queria desde o Século 18, mas que alguns cidadãos quiseram, legitimamente, lembrar nas ruas de Lisboa. Não estive lá com eles mas compreendo-os!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Salazar e o "7 de Fevereiro"

Ainda sobre a "Memória das Oposições", livro a que já nos referimos há semanas atrás, deve notar-se uma original inscrição na historiografia portuguesa sobre Salazar.
Com efeito, a historiadora Heloísa Paulo, ao trabalhar o espólio do Comandante Jaime de Morais, figura destacada da Primeira República e da luta contra a Ditadura, divulga que, numa reunião preparatória da constituição do Governo Provisório que se seguiria ao Movimento do "7 de Fevereiro de 1927", foi aventado o nome de um jovem professor de Finanças da Universidade de Coimbra, chamado António Oliveira Salazar, para Ministro das Finanças! Como agora está na moda ensaiarem-se especulações sobre a "história acontecida ao contrário", no género, inventar a história se Hitler tivesse ganho a guerra e outras hipóteses, felizmente inverosímeis ou não verificadas, em alguns casos, não conseguimos evitar a pergunta: Se o "7 de Fevereiro" tivesse triunfado Salazar teria sido diferente e o Estado Novo não teria acontecido do mesmo modo?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A Estratégia do PortugalXChina

Não é todos os dias que um Presidente da China visita países, e países pequenos como é o nosso caso! Logo é importante a visita de Hu Jintao a Portugal. Mas pensar que ele nos visita sem ter uma razão do seu único interesse é estultícia. Aliás, tem três: Europa, África e uma razão própria. A ajuda a Portugal terá um mero efeito de contrapartida (o que não quer dizer que não seja importante, nas condições actuais que vivemos).
Sobre a Europa, ajudar os países em dificuldades de crédito é ajudar o Euro, logo, é evitar que ele se desvalorise e, portanto, mesmo que a moeda chinesa tenha que vir a ser valorizada (por pressão mundial), ela sempre encontrará esta compensação. Assim, a China, depois de ajudar também a Grécia e a Irlanda, ajudará Portugal. Três países cuja posição geografica e estratégica é peculiar. São pequenos mas constituem "portas de entrada" de um novo "poder marítimo" ou, hoje, global. É um cerco... A Alemanha e a França percebem isto muito bem mas a situação leva-os a não quererem incomodar o mercado importador que é a China, para eles.
Sobre África, o interesse da China é manifesto e a colaboração com interesses económicos portugueses pode criar algumas sinergias, em alguns sectores onde o factor linguístico se manifeste mais, como Angola e Moçambique. As empresas com que foram feitos "memorandos" ou acordos ?, traduzem este oblectivo: telecomunicações e banca.
A motivação chinesa e exclusiva reside na necessidade de diversificar as suas reservas em várias moedas, quse exclusivamente compostas por dólares que, como se sabe, estão numa tendência de queda que a situação económica americana impõe. Além, evidentemente, do seu desejo de expansão global, justificado pela dimensão que têm.
As contrapartidas para Portugal podem ser importantes no aproveitamento de algumas potencialidades de Macau e no Porto de Sines. Mas, aqui, parece que quando os chineses foram ver aquele magnífico porto para desembaraçar os navios gigantes (pós-Panamá) porta-contentores e viram o apeadeiro da linha de caminho de ferro mais próximo... ficaram de olhos arregalados, tal a decepção. E ainda há quem ponha em dúvida a necesidade de ligar Sines por um bom caminho de ferro a Espanha e à Europa Central.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O regabofe de vencimentos da União Europeia

A União Europeia tem de colaborar, pelo exemplo e pela necessidade, na economia de gastos e na redução despesista que se impões a todos os países que a constituem. Não passa pela cabeça de ninguém, principalmente não deveria passar pela de quem defende um imposto europeu, que sejam mantidos sinecuras e benefícios extra salariais (já de si, nada parcos...) aos funcionários europeus, sem paralelo em nenhum outro país. As reformas acima de 15000 euros por anos de trabalho de um só dígito, inicialmente reservadas aos membros da Comissão foram-se alargando, incluindo já o pessoal pertencente ao Tribunal Europeu, funcionários e técnicos, pouco faltando para chegar aos "técnicos auxiliares de limpeza"... É uma vergonha!
Aliás, o mesmo se passa em algumas empresas públicas portuguesas, em que os "gestores", que não estavam para se chatear com lutas sindicais, cediam e foram sucessivamente cedendo às reivindicações mais absurdas que alguns acordos de empresa contemplam e as inviabilizam.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A Crise começa a transferir-se para a "Guerra das Moedas"

Já se começam a vulgarizar ideias à volta de realidades cambiais, monetárias e monetaristas. Partindo da bolha imobiliária e da financeirização da economia, expulsando da vida a realidade mais consistente que é a economia real, ligada às pessoas, a crise actual teria de adquirir as dimensões económica e social. E é este o ponto em que emerge um novo ambiente na convivência internacional, com o peso das dificuldades, privações, que os países enfrentam internamente: a conflitualidade à volta do valor das respectivas moedas, meio convencional de tornar competitivas as produções dos países, independentemente do seu nível de produtuvidade e riqueza.
Esta é a situação que se projecta nas relações entre países e mercados, num âmbito global, numa globalização à solta, em que cada país trata de tirar o maior proveito possível. O egoismo nacionalista começa a vir ao de cima. A crise adquire por esta via a dimensão política no sentido que ela compreende de emulação, confrontação, enfim, de carácter polemológico das estratégias políticas.

Não adianta ignorar que a União Europeia, os Estados Unidos e a China começam a entrar nesta patamar de confronto: a guerra do Dolar, do Euro e das moedas da China.
O comércio e as exportações de que todos precisam não se encontram regulados à escala global de modo satisfatório. Os prejuízos para os pequenos paízes ou para os de produções deslocáveis são enormes e incompatíveis com a coinvivência intrnacional sem tensões nem proteccionismos.
A actual reunião do G20 poderá até delinear algumas intenções de não desvalorização das moedas por razões de competitividade. Mas não serão obedecidas por todos. Sem retaliações ou sanções não haverá obediência. E o Tribunal para as aplicar não existe!

Há juízes que "incomodam" muita gente

O juiz dirigente sindical dos magistrados judiciais, a propósito de crítica à proposta de Orçamento do Governo para 2011, que prevê a inclusão do subsídio de renda de casa que os juízes auferem para efeitos de desconto de IRS, apodou este facto de "roubo", usou uma linguagem de baixa extracção comunicacional, intelectual e institucional e, ainda, lançou a acusação de que o Governo adoptava esta medida porque os juízes têm "incomodado" membros do Partido Socialista que constitui governo.
Não falamos de um despreparado qualquer que não saiba o valor das palavras e das alusões que faça. Um juíz deve saber, melhor do que ninguém, que a sua relação com os outros não oscila numa escala de "comodidade / incomodidade". Nem noutra que não seja a de fazer justiça sobre os casos que tem de julgar, "cegamente", sem olhar a quem, seja rico ou pobre, pária ou poderoso, governante ou governado, ou seja, deve julgar soberanamente, em nome do povo.
Como é que aquele "despreparado para ser juíz", digo eu, coloca a classe profissional que julga defender nesta relação de igualdade com aqueles a quem compete julgar, porque lhe compete julgar todos, porque ninguém está acima da Lei. Nem os governantes, nem os juízes. Mas não creio que os órgãos disciplinares da magistratura façam esforços para o "reconfigurem moralmente". A "lata" e a boçalidade de que deu mostras deve até garantir-lhe a eleição para continuar a liderar o sindicato. E, com todo o respeito por alguns líderes sindicais, este vai pertencer ao grupo dos que, por via de regra, quando os vejo aparecer na televisão fico logo à espera de ouvir "bojarda".

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Memória das Oposições (1927-1969), textos publicados sob a coordenação de Heloísa Paulo

Publicado pelas "Edições Minerva" de Coimbra, foram reunidos textos e depoimentos sobre os movimentos e acções politicas e sociais contra o regime ditatorial que vigorou sobre aquelas datas. Reunindo textos dos historiadores Luis Reis Torgal, Luis Farinha, Bigotte Chorão, Monteiro Valente (General, historiador e Capitão de Abril), Armando Malheiro da Silva, João Madeira, Susana Martins, o livro resulta das comunicações produzidas num colóquio realizado pelo CEIS20, Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX, da Universidade de Coimbra.
Colóquio coordenado, como a publicação, pela historiadora Heloísa Paulo que também apresenta uma investigação inédita sobre os arquivos do Comandante Jaime de Morais, Coronel Francisco Oliveira Pio e Dr. Alberto Moura Pinto de uma grande importância histórica. Aliás, a Dra. Heloísa Paulo tem a sua tese de doutoramento sobre os "portugueses no Brasil" e, mais recentemente, tem-se dedicado aos portuguses oposicionistas ao regime saído do 28 de Maio.
O livro reune ainda três depoimentos de participantes em acções políticas e armadas contra o regime: Camilo Mortágua sobre o Capitão Henrique Galvão e o "Assalto ao Santa Maria"; Coronel Eugénio de Oliveira e eu próprio sobre a Acção Militar de Beja, em 1 de Janeiro de 1962.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O que se segue aos sacrifícios para 20011?

Na vida dos países as realidades financeiras e económicas existem misturadas numa sequência de causas e efeitos mas é na comparação da situação presente com a situação perspectivada para o futuro que a economia e as finanças mais se distinguem. Na verdade, esta relação económico-financeira verifica-se também nas empresas e até na vida pessoal de cada um. Assim, uma boa situação financeira pode permitir a construção de um futuro promissor ou não. Que um futuro afortunado se conquiste a partir de uma situação financeira falida, seguramente que não. Mas que se pode equilibrar a situação financeira e as perspectivas de futuro serem, ou continuarem, negras, isso pode acontecer. E é o que acontece com Portugal quando, independentemente do equilíbrio orçamental e da redução da dívida, as Agências de Rating continuam a prever "um outlook", passe o pleonasmo, de crescimento económico muito baixo, comparativamente aos membros da UE. Nesta perspectiva, as contas e a dívida só entram nos limites aceitáveis pelo empobrecimento do país, já que o seu crescimento económico não se verificará.
A saída está enunciada aos berros, por toda a gente. Aumentar a produtividade do trabalho nacional e a competitividade das exportações, com efeito na redução do défice da balança comercial. Em resumo, o esforço que se fizer na redução da despesa e no aumento da receita do Estado constitui só metade da solução. A outra metade chama-se reforma estrutural do país e aumento das suas capacidades nos mais diversos aspectos da vida social e política.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Sobre o Orçamento para 2011

A proposta de Orçamento do Estado para 2011, apresentada ontem, foi mais a sério do que a anterior, incluindo os PEC. O governo, quando perdeu a maioria absoluta, fraquejou, o que é compreensível, e transigiu na negociação com os professores (mais de 420 milhões de euros de aumento), com o apoio generalizado da oposição e das forças sindicais. Depois vem a obsoleta administração pública com uma contabilidade sem capacidade de diferir custos plurianuais que se manifestam num só ano orçamental quando estava prevista a sua inscrição em vários anos orçamentais. E a UE assim exige. Até um merceeiro percebe isto. E, assim, "comemos" com os custos de dois submarinos num só ano, o que põe a opinião pública contra uma decisão que coloca a nossa marinha num nível oceânico e não de guarda costeira, como é evidente que se pretenda.
Com os acréscimos da saúde, dos vencimentos da função pública (apesar do congelamento) e dos juros, além das Parcerias Público Privadas (negociadas de forma a proteger os interesses dos privados e em prejuízo dos públicos) nas SCUTS e noutras infraestruturas, negociadas por responsáveis políticos que ainda hoje mandam "bocas" ou que foram trabalhar para os núcleos de interesses com quem negociaram, protegendo-os, dizia que o futuro estava à vista: mais exigências no aumento da receita e de redução da despesa do Estado.
A Oposição Política ao Governo criticava a situação e agora vai criticar as soluções. Não poderiam ser outras a não ser retirar o PRACE na gaveta. Continuamos a persistir em medidas reactivas à situação e não a referir mais enfaticamente as medidas estruturais: quais os Institutos Publicos a extinguir, os departamentos a concentrar (a concentração de meios economiza recursos e a dispersão aumenta-os); e as juntas de freguesia e o número de deputados nacionais e regionais a reduzir, as funções a descentralizar, etc.
A pesar de estas restrições, quando não se responde que vale mais esta proposta do que o Orçamento anterior, em duodécimos, é cavar intencionalmente a inviabilidade financeira do país. Até agora, é neste ponto que se encontra a Oposição Parlamentar. Mas "a realidade não se deixa
administrar mal por muito tempo". Ou temos Orçamento novo ou vem o FMI.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A Verdade Orçamental

O Orçamento para 2011 está a chegar aí. Tem de ser e vai ser a doer. Os cortes na despesa pública vão atingir, porque têm de atingir, valores que vão paralizar muitos serviços e extinguir outros, além de cortar muitos benefícios aos funcionários e pensionistas. Reduzir a despesa é isto. Vamos é ver como o O. do Estado passa no parlamento. Os que apergoam a necessidade de redução da despesa vão ter que enfrentar hostilidade das classes de funcionários civis e políciais e os trabalhadores. Ao governo exige-se coragem política. Mas o nível de governabilidade do país é historicamente baixissimo. As oposições talvez se calem e deixem o barulho para as corporações funcionais e laborais.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Quando as empresas se vedem como os leitões

A diferença da força e do poder de autonomia das economias não está só na dimensão dos países e das suas empresas mas numa "cultura de empresa" e de cumplicidade social com as empresas nacionais, a ser sentida pela população, pelo poder político e pelo económico.
Apesar da nossa reduzida escala económica, no país foram-se criando umas tantas empresas, leitõesinhos, que engordaram à custa de tarifários desmesurados em Portugal e adquiriram rasoável dimensão internacional. Estes "leitões", chegarão a velhos e, então, serão "comme les couchons, plus vieux, plus cons", a relembrar o verso de Jacques Brel. Quer dizer, quando estas empresas ficarem apetecíveis à finança internacional, árabe, chinesa, angolana ou brasileira, serão compradas e desaparecem da economia nacional à velocidade de "manteiga em focinho de cão", para prosseguir num anedotário bestialógico...
São estas empresas a PT, a Galp, a Brisa, a Cimpor (que já foi) e alguns bancos.
O tão acalentado esforço de internacionalização, nestes tempos difíceis mereciam cumplicidades urgentes de todo o capital disponível para investir no país, naturalmente, nos sectores com vocação competitiva e, se possível, exportadora. Mas o que vemos é a saída de capitais, para mercados mais arriscados e menos remuneradores doque a compra de dívida pública do Estado.
E com a expectativa de os donos dos leitões os venderem numa feira qualquer, que não será a de Santarém...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Os Bancos, a dívida e os portugueses

A "Alta Finança" convive bem com a dívida dos países onde operam. Senão vejamos: a dívida pública portuguesa, exagerada, quase 110% do PIB quando os critérios da União Europeia fixam 60%, é subscrita em mais de 40% pela banca nacional; os juros andam à volta de 5%; a taxa média de remuneração dos depósitos a prazo dos cidadãos prtugueses pela banca nacional anda por 2%. Porque razão o Governo não lança títulos de dívida de subscrição directa pelo público a uma taxa intermédia daquele intervalo? O Estado ganhava num juro mais baixo e no imposto de IRS de 20% que é cobrado na fonte. Porque é que esta medida, já apontada pela SEFIN - Associação de defeza de utilizadores de produtos financeiros, não foi adoptada?
Porquê, porquê? Para "não canibalizar o negócio da Banca", foi a resposta que ouvi a um governante.
Ora, sejamos claros, não como se costuma ouvir na televisão quando se está a embromar a questão, mas claros porque sinceros. Ninguém ganha com o enfraquecimento do sistema bancário. Todos estamos interessados em poder usufruir da utilização de bancos fortes, para poder lá ter o dinheiro sem riscos e medos, além do contributo que darão à economia. De banquetas geridas com base em ilícitos e incompetências já nos chegam, respectivamente, o BPN e o BPP. Mas a fôrça de qualquer banco só pode resultar dos lucros provenientes do seu trabalho,
dos serviços que prestam aos clientes e não de situações de favor, que acabam por gerar ineficiências e desperdícios, com o tempo, vindo a enfraquecê-los e a colocá-los na posição de que se quer afastá-los.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O espectáculo da PGR protagonizado por Cândida Almeida


É difícil de compreender que a Procuradora Adjunta do Procurador Geral da República, Cândida Almeida, tenha entrado em conversas com os dois procuradores encarregados do processo Freeport, sobre a publicação das 27 perguntas que queriam ter feito ao Primeiro Ministro e outras ao Ministro da Presidência. Que ambiente é este? Parece que a comunicação entre estas entidades deveria ser por "despachos", escritos, e não combinas com intenções e justificações estranhas ao processo.
Na Antiga Grécia, quando os autores e actores do teatro não sabiam como terminar a peça, como se acreditava na existência de seres sobrenaturais, entrava um gigante em cena e fingia que estorcegava o pescoço aos actores, que caíam "mortos" no chão. O gigante agradecia ao público, que batia palmas e os actores levantavam-se também, agradeciam e o espectáculo terminava.
Parece-me que é o que falta para acabar com o espectáculo que a Procuradoria-Geral da República está a dar, aliás, com o Sindicato dos Magistrados a fazer o "coro de fundo".

O espectáculo da PGR protagonizado por Cândida Almeida

É difícil de compreender que a Procuradora Adjunta do Procurador Geral da República, Cândida Almeida, tenha entrado em conversas com os dois procuradores encarregados do processo Freeport, sobre a publicação das 27 perguntas que queriam ter feito ao Primeiro Ministro e outras ao Ministro da Presidência. Que ambiente é este? Parece que a comunicação entre estas entidades deveria ser por "despachos", escritos, e não combinas com intenções e justificações estranhas ao processo.
Na Antiga Grécia, quando os autores e actores do teatro não sabiam como terminar a peça, como se acreditava na existência de seres sobrenaturais, entrava um gigante em cena e fingia que estorcegava o pescoço aos actores, que caíam "mortos" no chão. O gigante agradecia ao público, que batia palmas e os actores levantavam-se também, agradeciam e o espectáculo terminava.
Parece-me que é o que falta para acabar com o espectáculo que a Procuradoria-Geral da República está a dar, aliás, com o Sindicato dos Magistrados a fazer o "coro de fundo".

quinta-feira, 29 de julho de 2010

A Justiça não dá tréguas ao Primeiro-Ministro

A desestabilização que o "sistema de justiça" causa na vida política é espantosa. Quando surgiram as primeiras notícias sobre a não inclusão do Primeiro Ministro nos culpados do processo Freeport, disse para comigo que o assunto não morreria ali. Ao contrário do PM que, na sua curta e compreensível declaração de "lavagem da honra" disse que esperava não ter mais que falar naquele assunto. Como se esperava, o despacho dos procuradores públicos foi divulgado a conta-gotas. Primeiro, o PM saía da história, depois, saíu porque os procuradores não tiveram tempo de o interrogar. Para quem duvida, fica a certeza de que o PM não é "culpado" porque não se pôde provar que o era. Para quem acha que a Justiça portuguesa (se em seis anos de processo não consegue interrogar quem quer e acha necessário) pretende deixar a porta aberta à suspeita sem ter fundamentos, então, "o crime" já está instalado nas instâncias processuais responsáveis pela Justiça que temos em Portugal. Eu faço parte dos que têm esta segunda convicção.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A CPLP e a Guiné Equatorial

A CPLP teve uma situação incómoda mas muito frequente com o pedido de adesão da Guiné Equatorial. Sempre que nas organizações internacionais surge uma solitação motivada por objectivos próprios do país que a faz, desligados dos objectivos da Organização, há uma incompatibilidade que a diplomacia normalmente resolve sem dizer que não, nem sim, adiando o assunto para "melhor oportunidade"...
A Guiné Equatorial tem factores impeditivos, como não falar português e ser uma ditadura! A coerência não pode ser convertida no ponto forte desta decisão porque a Guiné-Bissau e Angola, em matéria de Democracia, deveriam ser colocadas à porta da CPLP e a Guiné mesmo do lado de fora... Mas tal não convém, obviamente. Esperemos pela democracia deles, com paciência, até porque quase todos os outros países sabem "o que isso é".
Mas a Guiné Equatorial é o único país de língua espanhola da região. De certo modo, está isolado. Tem dificuldades com o relacionamento com a Espanha, muito devidas à sua situação ditatorial. O principal opositor do Presidente da República está exilado em Espanha que se recusa a repatriá-lo, como quer o ditador. Tem afinidades com Angola, como grande produtor de petróleo, que deseja aparecer como potência regional naquela parte do Continente. Já é "observador" da CPLP e, como outros países, sente interesse em acompanhar o desenvolvimento das relações económicas e políticas entre os Estados da CPLP a fim de nelas participar. Outros países mais longínquos (a Ucrânia, o Luxemburgo!) manifestaram idêntico desejo, pelo interesse em diversificar as suas relações económicas.
Só não se percebe, aparentemente, o interesse do Brasil em ser, dos membros da CPLP, o mais permeável à entrada da Guiné Equatorial. Uma transposição do Mercosul, com as duas línguas ibéricas? Ou o aumentar o seu peso específico como interventor na OPEP, pela relação que estreitava com a Guiné Equatorial?
A CPLP tinha um problema que acontece frequentemente nas organizações internacionais, quando um país solicita a adesão movido por objectivos próprios que não têm qualquer relação com os da Organização. É o que acontece com a República Centro Áfricana e a CPLP.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Proposta de Revisão Constitucional do PSD

Estamos numa legislatura com poderes de revisão constitucional, logo, nada mais natural que o surgimento de propostas de revisão. Porém, na vida, mesmo na vida política, deve pensar-se na oportunidade do que queremos e fazemos. Num estado de crise internacional que afecta particularmente o nosso país, pelos condicionalismos externos e pelas nossas situações internas, a introdução do tema, num ambiente pré eleitoral para a Presidência da República, não constitui dos temas que mais são urgentes discutir.
Creio que Pedro Passos Coelho levantou dúvidas que muita gente sentia, para além da sua postura cordata, de que não se sabe se não é tão mau com Manuela Ferreira Leite pensava ou se não é tão bom como o país precisava de um candidato a Primeiro-Ministro. Quando se tem de esclarecer uma proposta de alteração constitucional, logo depois de enunciada, ou estamos perante uma má proposta ou perante alguém que tem ideias pouco claras ou astuciosas. Foi o que aconteceu sobre "os despedimentos sem justa causa"…
Como já disse em várias ocasiões, as nossas dificuldades constitucionais resultam do medo da concentração de poderes que nos caracteriza e que assomou às políticas desenhadas depois do 25 de Abril. Defendo o Presidencialismo e não o semipresidencialismo que significa semiparlamentarismo e "semigovernismo". Defendo a reunião de mais poderes na entidade que assuma poderes presidenciais e governamentais. Ora o que a proposta de Passos Coelho ou, desde ontem, do PSD defendem é mais poderes presidenciais com redução da estabilidade governativa. O dizer-se que se o PR pode dissolver a Assembleia da República constitui um poder maior do que demitir o Governo e, logo, quem pode o mais pode o menos, não colhe, na minha perspectiva, embora esteja em linha com a preocupação de diluir poderes, que nos caracteriza. O PR pode dissolver a AR, esta pode demitir o Governo por voto maioritário; o PR indigita o PM mas o governo passa com voto da AR e, uns governos "limiano" ou "chantageado pelos deputados da Madeira" podem fazer vida de governação… sem solidez política de que necessitava.
Quando na proposta se reedita o esquema tentado pelo PSD para segurança social, agora para o Serviço Nacional de Saúde, estamos a querer confundir a liberdade dos cidadãos fazerem os seguros privados nas companhias de seguros que quiserem ou a irem tratar-se nos hospitais privados que entenderem, com o dever de desconto para os dois sistemas públicos de segurança e saúde, como garantia de pensões de reforma e de tratamento na doença da generalidade da população portuguesa e residentes que efectuaram os seus descontos e pagaram os devidos impostos. Dizer-se que quem se quiser tratar com o seguro de saúde pessoal (que é um direito) não tem de pagar s sistema público é ignorar que se a Companhia privada falir o cidadão apresenta-se à porta do Hospital público e é tratado. E que se ficasse isento da sua contribuição seria a eleição de um sistema para pobres e outro para ricos. Este o maior regresso civilizacional que mancha a proposta do PSD.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Facebook | Fotos de ti

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Facebook | Fotos do Lançamento do "Tempos Difíceis, Decisões Urgentes"

Fotos do Lançamnto do meu livro no Espaço Cultural do El Corte Inglês, vendo-se na mesa, da esquerda para a direita, o Dr. João Pereira de Faria, o dinâmico e atencioso responsável pelas acções do Corte Inglês, o meu querido amigo António Júlio de Almeida, que fez a apresentação a que já me referi neste blog e Horácio Piriquito, responsável pela chancela editorial BNOMICS que soube valorizar a mensagem do autor através de um belo livro e que vai construindo um fundo editorial cuja companhia honra qualquer autor.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A Vida, a Dívida e o Crédito

Reconhecer que se vive num Mundo em que a dívida faz parte da vida parece-me mais ajustado ao estado económico da sociedade actual do que a pergunta ou a afirmação de que "há mais vida para além da dívida". Desde logo, não há dívida sem o credor que fez o empréstimo. Quando se diz que há muitas dívidas, poderia dizer-se que foi dado crédito a mais. Também vivemos numa sociedade em que uma das suas maiores indústrias é a do crédito, constituída por toda a sorte de bancos, instituições financeiras, etc. que vivem de emprestar dinheiro.
Quando se ouvem queixas de que a dívida é superior às garantias, teme-se pelo credor que pode ficar sem ser ressarcido. Por esta razão já se escreveu numa manchete jornalística "dívida nossa, problema vosso", resumindo a situação de endividamento da Grécia, na sua maior parte, aos bancos franceses e alemães… Quando a situação chega a este ponto, a salvação do credor situa-se no facto de o devedor precisar de se endividar mais! E aí, surge a vingança dos temores do credor! O pobre do devedor, começa a pagar os juros da sua própria insuficiência financeira, até à falência completa. Voltando a eleger a Grécia como exemplo, eles têm cerca de três mil ilhas e ilhotas desertas no Mar Egeu… que alguns credores não enjeitarão em receber como contrapartida das dívidas não cobradas. Algumas ilhas já são inteiramente de um só proprietário privado, sem que a soberania se tenha posto em causa, obviamente.
No que respeita à dívida de particulares, das famílias, verifica-se que ela só atinge valores elevados nos países desenvolvidos e ricos, sendo que os portugueses fazem o papel dos mais ricos em comparação com os seus concidadãos europeus… (Só ficamos atrás da Letónia). Nos países em vias de desenvolvimento as dívidas dos cidadãos à banca são relativamente baixas, o que dá sentido ao ditado: "quem deve é quem mais tem". Os maiores accionistas do BCP não eram também os seus maiores devedores?
Em termos normais da evolução económica do Mundo, a estratégia do "pede emprestado e compra e, depois, espera que se valorize" só falha quando há crise e o credor pede o dinheiro de volta.
Nos países desenvolvidos, a chamada indústria do crédito criou instrumentos que são factores do género de vida "consumir agora e pagar depois": o cartão de crédito.
Assim, esta crise de 2008 enfatiza a dívida. A dívida dos Estados, das empresas, dos cidadãos. Cada uma destas dívidas tem as suas razões próprias, claro. Mas todas se juntam quando se trata de avaliar a dívida total do país. Principalmente se os mecanismos de poupança e liquidez interna não chegarem para "bancar" a dívida e for necessário ir ao mercado internacional pedir emprestado. Neste quadro, as agências de avaliação de risco têm de se colocar ao serviço dos credores, baixando a notação para o juro subir. Não têm outro comportamento possível.
Moral da história, só o trabalho competitivo e o equilíbrio das contas públicas estão aquém do endividamento, da sujeição aos credores e do empobrecimento.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

"TEMPOS DIFÍCEIS, DECISÕES URGENTES"

É o título do livro que publiquei. Lançado no passado dia 29 de Junho, foi uma alegria ver tantos amigos, alguns que já não via há muito. E, talvez, por isso mesmo. Escrever é uma tarefa solitária, da qual retiro o prazer de me convencer que escrevo algo que interessa aos outros, mas que foi, como disse lá no lançamento do livro, responsável por estar tanto tempo sem conviver com alguns dos amigos que ali se juntaram.
A apresentação do livro foi feita pelo meu amigo António Júlio de Almeida que me honrou com uma leitura atenta e extrapoladora, apontando os significantes do que pretendi significar. Aliás, todos os meus amigos que se pronunciaram sobre a apresentação a elogiaram. Das palavras que eu disse também gostaram mas isso foi porque estavam à espera que eu falasse muito e... falei pouco. É que a seguir havia o PortugalXEspanha no futebol...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Uso dos poderes especiais do Estado português contra a Telefónica

O governo decidiu usar os poderes especiais que o Estado português tem na operadora de telecomunicações Portugal Telecom, vulgo, PT. Usou e usou bem, para impedir que os accionistas da empresa vendessem 50% do capital da Vivo à empresa espanhola Telefónica. Esta empresa sabia que o governo interpretava aquela alienação como ofensiva do que considera interesse estratégico para o desenvolvimento do país. Os espanhóis e os accionistas portugueses que votaram pela venda não ligaram nenhuma à posição assumida pelo governo e que lhes havia sido comunicada. Ao governo só cabia uma atitude, usar os poderes especiais conferidos à face da Lei portuguesa. Se o não fizesse, dava um exemplo de fraqueza intolerável. Se a União quiser alterar esta faculdade que o faça. Mas não é só de leis que se trata, neste caso. Trata-se de convencer os núcleos económicos espanhóis que têm todo o direito a crescer mas não à custa da redução internacional do peso económico de Portugal. Principalmente quando Portugal não recusa associação com a empresa espanhola no Brasil e, nas 20 Repúblicas de língua espanhola que há na América Latina, a PT não está associada à Telefónica em nenhuma, nem com 5%, e ela está em todas... O "poder" define-se pela sua efectividade. Só existe quando se usa. Os espanhóis conhecem esta linguagem. Mas não levem os portugueses patriotas a achar que a Espanha é grande demais e a aplaudir os impulsos independentistas de outras periferias ibéricas. Isto não constitui ameaça nenhuma, até porque Portugal nunca ameaçou, nem pode, ameaçar a Espanha. Mas é um aviso, a reforçar a alusão que um Presidente da República (Jorge Sampaio) já fez uma vez em Espanha: "Deixem-nos ganhar um concurso... uma vez".

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Os limites da desconfiança nas Agências de Rating

A credibilidade das Agências de Avaliação de Risco tem sido posta em causa. São todas cediadas fora do Euro, logo, são aventadas as suspeições de que estão arregimentadas no ataque à Moeda Única europeia. Pretendem proteger os credores, seus clientes..., não deixando de ser severos nas avaliações que fazem, pois, desta severidade resulta a majoração das taxas de juro, nos mercados financeiros internacionais.
Todavia, á um limite a parir do qual a avaliação das Agências ultrapassa as suspeitas de incredibilidade, merecendo, por isso, que se passe a acreditar nelas. É quando avaliam os títulos como "lixo". Esta avaliação pode proteger os credores, sem dúvida. Mas destroi-lhes o negócio. Os credores e investidores ganham dinheiro quando fazem emprésticos com juros remuneradores, claro. Mas não investem, nem emprestam no "lixo", em títulos que não tem valor nem a países que não podem assumir as suas responsabilidades.
Quando há poucos dias uma Agência classificou a os Títulos do Tesouro grego como "lixo", os que duvidavam das Agências passaram a acreditar, pelo menos em relação à Grécia. Valham-lhe os fundos da União Europeia, sem as contra-partidas comerciais ligadas à compra de submarinos aos franceses e de fragatas aos alemães...

domingo, 6 de junho de 2010

Em defesa do Regime Presidencialista para Portugal

As eleições presidenciais não têm a importância que uma eleição directa e unipessoal justificaria. A nossa Constituição da República é, classificadamente, semipresidencialista. Isto quer dizer que ela é, também, semiparlamentarista. E, quando o governo não é suportado por um partido com maioria absoluta ou não o é por acordos parlamentares de incidência governamental, a nossa Constituição institui um regime político assaz original, que dá pelo nome de "LIMIANO"! Conceito que, como se sabe, fora inventado por António Guterres, quando Primenro-Ministro e o deputado da terra do "queijo limiano" que, assim, aprovaram o Orçamento na Assembleia da República e suportaram o Governo Constitucional... Também, com este sentido, os deputados da Madeira, segundo instruções do Presidente do Governo Regional, adquirem a dimensão constitucional de garantir a estabilidade política, mediante idêntica chantagem orçamental... que a nossa Constituição não faculta, nem garante e, até, dificulta.
Atribuo este regime constitucional aos anos de ditadura, de que nos libertámos tarde de mais, e formatou a cabreça dos portugueses para terem mêdo da concentração de poderes numa só pessoa ou instituição. Assim, temos um PR que quando abre a boca há logo quem diga que esta a meter-se onde não é chamado -- assuntos do governo do país -- entenda-se, e, um PM que sem maioria está na corda bamba, sem garantir a sustentabilidade das políticas porque ninguém pode determinar o tempo da sua permanência em funções. Neste caso, o chamado período de legislatura é uma ficção. E o nosso mais importante Magistrado da Nação: "um verbo de encher". Assim, o nosso país não pode ir longe...
O mêdo do Poder, ou da sua concentração, manifesta-se em muitas outras situações. O mesmo acontece com as entidas por que são repartidas as funções policiais, as de investigação, etc. Recordamo-nos do alarido de aflição que levantou a criação de um Secretário Cordenador do Sistema de Investigação e Segurança, quando há mais de uma dezena de entidades dedicadas à investigação e segurança no nosso país e, por consequência, a necessidade de coordenação era uma evidência. Enfim, continuaremos a ter a GNR e a PSP com funções semelhantes, só diferenciadas porque as exercem em espaços territoriais diferentes. Não imagino melhor esquema para gastar mais dinheiro ao erário público e reduzir a eficácia do que este. E continuaremos com esta Constituição até que a crise nos impeça de discutir este assunto.
Enquanto não formos capazes de discutir e fazer várias coisas ao mesmo tempo, arriscamo-nos a andar muito tempo a fazer a mesma coisa, errada e repetidamente.
Posto isto, sou favorável a uma Constituição Presidencialista, para Portugal. Não há razão para ter medo da força dos sentimentos democráticos do povo português.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A Cimpor já foi e agora vai a PT?

Para justificar a investida da Telefónica sobre a PT, há opiniões que consideram de estupido patrioteirismo o não reconhecimento de que a Espanha é maior de que Portugal e que, portanto, é natural esta assimilação pela economia espanhola do que de maior se construiu no nosso país. Só que a Suécia ainda é menor que Portugal e tem a Tetrapac, a maior empresa mundial de impermeabilização de papel e de construção de máquinas de embalagem automática. A Finlândia, também menor, tem a Nokia, a Holanda, mais ou menos do nosso tamanho, tem a Philips e jamais se verificou uma investida alemã ou inglesa sobre alguma destas empresas porque, justamente, são as maiores que esses países têm.
Em contra-partida, as empresas portuguesas com dimensão, graças à tese de que "só a honra não se vende" (especialmente se não colidir com o enriquecimento pessoal, deve acrescentar-se), os nossos investidores já alienaram uma empresa que era a única portuguesa que estava dentro das dez maiores do Mundo no seu sector: a Cimpor. Agora preparam-se para alienar a PT e a Galp será a próxima. Neste caso graças ao incompreensivel negócio que o Governo de Guterres/Pina Moura iniciou com os italianos. Capitalistas de borra, é o que temos, sem estratégia de desenvolvimento das empresas num quadro de afirmação nacional. Com gente desta, os espanhóis, claro, se não os põem a trabalhar para eles compram-lhes as empresas. O que até parece bem feito, mas depois não se queixem de construirmos um futuro que vai limitar-nos a fazer a cama e a servir o pequeno almoço aos turistas que vêm para a praia...

sábado, 29 de maio de 2010

A Investida da Telefónica sobre a PT

A oferta da compra da Vivo pela espanhola Telefónica à PT é mais um episódio do efeito de dimensão colocado por Espanha para amesquinhar e diminuir Portugal. País com mais recursos, acham os seus agentes económicos que Portrugal não pode ter uma empresa grande, tão grande como a deles na posse da Vivo, operadora brasileira com 50 milhões de telemóveis. Deve começar-se por pensar que na América Latina de língua espanhola a Telefónica está em todos os países sem qualquer associação com a PT. No único país de língua portuguesa, o Brasil, a espanhola tem que estar a 50%! Negócios feitos por empresários que "dizem que só a honra não se vende", como disse Ricardo Salgado (BES), grande accionista da PT, a propósito da oferta da Telefónica. Mas com a ética do patriotismo económico expulsa das suas estratégias de expansão e crescimento, deve constatar-se. E, infelizmente, neste saco mete-se a "fina flor" dos nossos maiores investidores, com poucas excepções.
Já isto se viu quando Belmiro de Azevedo lançou a OPA da Optimus sobre a PT. A Optimus é um fracasso. Poderia salvar~se com a sua fusão na PT. E a Vivo, que está a transformar-se "na jóia da coroa" dos telemóveis do mundo inteiro já teria sido vendida à Telefónica espanhola por Belmiro de Azevedo que, aliás, só com esta poderia cumprir o endividamento a que aquela OPA obrigava.
Depois desta ofensiva fracassada, graças à actuação da Administração da PT, forçada a remunerações accionistas que oneraram alguns projectos de expansão, surge agora nova investida, da Telefónica, aproveitando o ambiente de dificuldades financeiras em que investidores na PT se encontram, neste ambiente de crise.
Resta-nos louvar a atitude patriótica em reforço da língua portuguesa do Presidente Lula da Silva, que disse publicamente que "quer a PT na Vivo, para expandir a Banda Larga", no âmbito de uma operadora de língua portuguesa. "Meu grande Presidente Lula, o Senhor sabe usar a linguagem que os espanhóis entendem!"

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O poder do Euro

Uma moeda é um poder. O Dolar tem o poder dos Estados Unidos. O yen o da força produtiva do Japão, as moedas da China, do Brasil e outras o poder dos seus mercados e do seus respectivos "produtos", etc.
As moedas também têm uma língua que é outro poder. Negociar em inglês é mais forte, mais fácil, com mais oportunidades do que negociar em quechua (é a língua nativa dos peruanos..., com todo o respeito e já quase totalmente substituída pelo espanhol).
É altura de perguntar: Onde está o poder do Euro?
Estará nas várias línguas, no conjunto dos países que constituem o primeiro ou segundo mercado consumidor do Mundo, consoante a U. E. alargada ou só a do euro, e num projecto por concluir: o processo de constituição da U. E. , aprofundando o poder de acção das instituições políticas europeias?
É isto que a actual crise começa a revelar. O Euro é a maior construção europeia. Todavia, sem políticas e economias menos contrastantes, ou mais uniformizadas nos critérios de tributação fiscal e orçamental, a nosa moeda será frágil, ficará à mercê do dolar. Parece que é neste sentido que a ideologia pós crise de 2008 começa a desenhar-se.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Salários na União Europeia

Num momento de contenção e reduções nos vencimentos de trabalhadores europeus, dos países mais endividados e com maior défice, como o Reino Unido, a Espanha, a Grécia e Portugal e outros seria de esperar um procedimento equivalente da União Europeia, em relação à horda de funcionários que a invade. Quanto aos deputados europeus os assessores nomeados da família, genros, filhas, irmãs ... é um fartote! E pior, é que alguns não têm qualquer espécie de qualificação que, aliás, é desnecessária porque também não desenpenham qualquer função...
As receitas da U.E. são constituídas pelas contribuições dos países seus membros, alguns dos quais, como Portugal, está a exigir sacrifícios que os bravos lusitanos têm de suportar. Dizer à U.E. que poderiam também "amochar" nas suas regalias, vencimentos, aposentadorias e prerrogativas de nomeação de pessoal de secretaria própria, seria democrático e não de efeito apenas simbólico. Penso que se economizava bastante dinheiro aos contribuintes europeus.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Distraindo o Santo

O Manel vai voltar ao blogue porque acabou um livro que já entregou ao editor que lhe prometeu que o punha "à luz do público" na segunda quinzena de JUNHO. Por isso mando este mail para que voltem a constatar de quanta ingenuidade as minhas opiniões são capazes.

sábado, 8 de maio de 2010

A Aceleração da História pelas Crises

As guerras, as crises, as grandes descobertas têm um efeito quase sempre acelerador da história. As reformas, as alterações e muito do que se foi adiando, do que deveria ter sido feito e não se fez, por inércia ou falta de meios, ganha premência na execução e, normalmente, faz-se à pressa, aceleradamente, quando não precipitadamente. É o processo histórico...
Diz-se que esta Crise de 2008 não vai deixar a Europa como está. Ou avança e se aprofunda, no sentido de uma maior vinculação e governação harmonizada, a caminho de uma das múltiplas formas que a Federação pode assumir ou se reduz, regride e, ou acaba ou volta à primaira forma da Europa dos seis, ou dois, no reduto franco-germânico que, por sua vez, reune a maior potencialidade de novos conflitos europeus. Assim, a aceleração imprime rapidez em vários sentidos: bons e maus. Resta esperar que desta resulte uma orientação no bom sentido: no reconhecimento de que não há uma moeda comum sem políticas sociais, económicas e, principalmente, fiscais comuns. Que não há políticas harmonizadas sem mecanismos de coordenação que tenham um poder legitimado para coordenar. A Alemanha e a Grécia não podem andar em roda livre, cada país por si. Mas, para isso, não se podem pedir esforços à população alemã para ajudar a Grécia quando os germânicos trabalham até aos 67 anos e os gregos não querem passar dos 62 para os 65 e, na prática, a maioria reforma-se aos 52, porque não há penalizações suficientes. Se quiserem uma moeda única têm de contribuir todos de igual modo para a sua estabilidade. Esta crise já produziu esta "drive" .

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A Crise e as oportunidades

A maior banalidade que se pode dizer é que estamos em crise e que os juros que pagamos sobre a nossa dívida externa estão mais altos. Outra banalidade é que os investimentos devem ser avaliados em função do seu retorno financeiro e social, quer haja crise ou não haja. Um mau investimento fica tão mais caro em crise como um bom investimento. Uma coisa é o custo do dinheiro investido, outra a rendibilidade daquilo em que se investe. Um mau investimento rende pouco, um bom, muito. Outra coisa, ainda, é se temos ou não orçamento para suportar o investimento enquanto ele não comece a remunerar os euros investidos. Aqui entra a iteração estratégica, de ajustamento do binómio (objectivos/capacidades e recursos). Efectivamente, há que avaliar o montante a investir, durante quanto tempo, o retorno que se prevê e o efeito multiplicador que ele tem sobre a economia e a sociedade.
Nós temos uma oportunidade a não desperdiçar: a dos espanhóis quererem fazer o TGV de Madrid a Badajoz e não de Madrid ao porto de Cadiz, por exemplo, como foi pensado. Passa pela cabeça de alguém criar a Portugal um isolamento maior do que a sua condição periférica já o sujeita? E perder a oportunidade de reduzir os custos de transação das nossas exportações e das ligações do exterior para Espanha, através do nosso país?
Já em relação às autoestradas, à Terceira Travessia, cuidado! Parece-me que os exemplos dados a pilotar processos decisórios levantam dúvidas. Os objectivos têm de ser evidentes! Explicam-se a si mesmos. O Governo deu-nos dúvidas sobre isto! O aeroporto na Ota não tinha explicação! A Terceira Travessia não tem explicação clara, pode ser adiada sem consequências, estendendo a linha da Alta Velocidade do Poceirão ao Pinhal Novo. Mais 14 Kms em terreno plano e de poucas expropriações. No Pinhal Novo, o passageiro apanha o metro que entra em Lisboa, com ligações em Sete Rios, Entre Campos, etc. à cidade inteira e à linha de Sintra, Cascais e Vila Franca. E se do Pinhal Novo quizer ir para o Sul só vê a sua vida facilitada. Um objectivo evidente é mobilizador; um polémico cria descrença. Se nos falta fazer tanta coisa em Portugal, por que razão insistimos em fazer o que nos divide em vez do que nos une?

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Visita do Papa

"Os países que receberam melhor o Papa" não faz parte de nenhum campeonato, como o que vai acontecer na África do Sul... Temos de receber bem toda a gente e isso é garantido pela tradicional hospitalidade lusitana e, naturalmente, pela esmagadora maioria dos portugueses que professa o catolicismo. Mas criar uma perturbação na vida dos portugueses com a tolerância de ponto, contribuir deste modo para a já baixíssima competitividade do trabalho nacional com mais um meio feriado, parece-me um exagero laicista que procura efeito contrário: não perder popularidade. E acaba fazendo o papel de "mais papista que o Papa". E fica mal na fotografia do rigor para com o interesse público quando ninguém é capaz de dizer quanto nos vai custar aquela visita.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Aos Seguidores deste blog

Peço desculpa desta ausência sem aviso, pois, na verdade, nunca pensei que me ausentava por tanto tempo. De regresso, volto à toada do custume, aos temas do costume para, se calhar, continuar a achar que isto é como escrever na areia, que o vento apaga. Mas como o saudoso Augusto Abelaira escrevia na água, olha, é mais um...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Defender a Liberdade: Honra a Manuel Serra

A liberdade de expressão só se defende em liberdade. Como a Democracia. Diariamente. Quando a liberdade se perde, a luta pela Democracia é diferente da que se pode fazer em liberdade. Com liberdade, a defesa das liberdades é um simples exercício do direito de cidadania. Sem liberdade, essa luta é conspirativa, clandestina, escondida dos verdugos da liberdade, com armas na mão, disposto a matar e morrer. Só quem não viveu a falta de Liberdade em ditadura pode dizer, hoje, que não se vive em plena liberdade em Portugal. Por isso invoco o meu companheiro da Acção Militar e Civil de Beja, contra a Ditadura Salazarista. Nem todos viveram a falta de liberdade com o mesmo sofrimento e a mesma coragem com que Manuel Serra soube lutar. A última viagem de Manuel Serra não foi a fugir à Pide. Digamos que foi para donde nos pode observar a todos melhor. E para que ele não fique triste, não tenho dúvida alguma de que haverá cidadania bastante para manter a Liberdade em Portugal, sem os "medos" falsos ou imaginários dos que nunca lutaram por ela.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Credibilidade precisa-se

Líderes sindicais do Ministério Público a criticarem decisões judiciais, do Procurador Geral da República;
decisões dos tribunais a ficarem pelo caminho sem serem cumpridas;
jornalistas a ousar perguntar ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça se a sua decisão não pode ser tida como "de favor" ao poder político;
jornais a violarem flagrantemente a lei do segredo de justiça, com a publicação de informações e os agentes do sistema judicial, com o fornecimento dessas informações;
dúvidas lançadas sobre a tentativa de controlo da comunicação social pelo governo, baseadas na inteligência de Mário Crespo e na isenção de Manuela Moura Guedes e no desejo da PT comprar parte da TVI;
e, ainda, a prática da divulgação de informações de natureza privada como direito inerente à liberdade de expressão;
constituem um caldo de cultura da desconfiança e da insegurança que ameaça o país nesta hora difícil em que a credibilidade é mais necessária, interna e externamente.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A Alegria do "Palhaço"

A imagem do país, lá fora, apesar da visão imprecisa e suspeita das Agências de Rating, dependentes da maioria dos seus clientes, situados nos países do Norte da Europa, que ganham maiores juros se as suas notações sobre os países do Sul, endividados, forem agravadas;
apesar do triste papel do deputado Paulo Rangel sobre a imagem do país, ao dizer no Parlamento Europeu qualquer coisa que ía no sentido de que a democracia estava em perigo, em Portugal;
apesar destas e doutras coisas mais a dar "tiros no busto da Republica", a verdade é que, na semana passada, Portugal conseguiu colocar 3000 milhões de euros em Obrigações do Tesouro na banca nacional e internacional. E ouve 11000 milhões de propostas de subscrição, o que, inquestionavelmente, representa que o país tem uma respeitabilidade financeira lá fora cujo reconhecimento parece desagradar a alguns, cá dentro. Mérito do Ministro Teixeira dos Santos que se desdobrou a dar entrevistas a jornais estrangeiros, a neutralizar os efeitos daquelas atitudes. Há sempre uns palhaços que só se divertem quando o "circo pega fogo"!

O Folclore da defesa da Liberdade de Expressão

O dr. Henrique Granadeiro não soube mas veio a saber do interesse da PT em comprar a participação accionista dos espanhóis na TVI. Interesse que existiu e deixou de existir. Por decisão da Administração ou do Accionista da Golden Share, deixou de existir. Na minha opinião, aquele interesse "excêntrico" só se justificaria se fosse para a TVI passar a transmitir só "folclore transmontano". Mas há quem se convença de que a intenção era outra: ameaçar a liberdade de expressão do canal e, depois, da media toda. É possível mas creio que a "programação" dos media está com uma grande dose de folclore político, da capital. Porque, embora a liberdade só se defenda políticamente quando há liberdade, caso contrário ela só se readquire com revoluções, a verdade é que quem comprou a TVI foi a ONgoing, cujo vice´presidente é o Sr. Jose Eduardo dos Santos, recem saído da TVI que pode vir a recolocar a Sra. Manuela Moura Guedes, outra vez, na pantalha, a fazer o jornalismo caricato que efectuava. Esta opção está livre e é plausível. E, assim, se pode concluir que não vai ser preciso pegar em armas para restabelecer a Liberdade de Imprensa em Portugal antes do folclore alentejano invadir o país com exclusão dos demais...

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Os Seguidores deste blog

Os seguidores deste blog têm "todos!" especiais motivos que me fazem orgulhar da sua amizade. Mas o mais recente, A. João Soares, é um meu camarada leal e homem inteligente que, nada mais nada menos, deve ser o português que mais "Cartas ao Director" enviou aos jornais de Portugal. Claro que começou desde novo, antes de haver blogs e sempre propondo o bem, corrigindo o errado e defendendo o que acha certo e necessário ao país. Hoje participa e dinamiza variadíssimos blogs, devendo vir a ocupar na blogosfera o espaço público que ocupou na im,prensa escrita no papel. É vê-lo "No Mirante" e noutros.

Os seguidores deste blog

Este blog tem especiais razões para se sentir honrrado com os seguidores que tem. Mas o mais recente é Coronel, meu Camarada inteligente e leal que tem um título curioso. Deve ser das pessoas com mais "Cartas ao Director" publicadas nos jornais de

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O acordo com os professores à luz do Orçamento

Quando ainda não tinham terminado as negociações com os professores, disse-se neste blog que se a perda da maioria absoluta servisse para retirar o poder negocial ao governo que permitisse a promoção dos professores até ao último escalão de vencimentos, a maioria relativa era um mal para a República.
Terminadas as negociações, apresentado o Orçamento Geral do Estado, verifica-se que o acréscimo de despesa com os professores é mais de 100% do aumento da despesa global do Estado de 2009 para 2010.
A Despesa Total em 2009 foi: .............. 80.873 milhões de euros;
Idem, fixada no Orçamento para 2010: 81.215 milhões de euros;
Diferença...................................................: 342 milhões de euros
O aumento de encargos com os professores é de cerca de 450 milhões, devido às promoções de escalão e ao desbloqueamento das carreiras. Como temos cerca de 150 ou 160 mil professores, o aumento médio, anual, representa 3000 euros por professor. Ou seja, um aumento escandaloso. E, agora, já falaram em ir para a Assembleia da República pedir a eliminação de quotas, nos dois escalões onde ela existe.
Eu, até nem desgosto de maiorias absolutas. Num processo político aberto e com a alternância grantida, reconheço-lhe virtualidades. Não me preocupa que se brinque com o que há de mais políticamente incorreto: "uma ditadura por seis meses..." Temo é que a brincadeira se torne coisa séria, perfeitamente correcta para a maioria dos portugueses e, aí, por munto mais tempo.

As formigas dão respostas mas não fazem perguntas

Quando não se responde a uma pergunta das ditas "obrigatórias" ou se foge ou fica-se mal na "fotografia". Foi o que aconteceu com Cavaco Silva, 1º. Ministro, ao refugiar-se atrás de uma fatia de bolo rei para não responder a uma jornalista. Ficou péssimo! Agora, José Sócrates, quando não responde nada sobre a publicação dos despachos do juíz de Aveiro, com excertos das escutas do processo "Face Oculta", porque não entra no que diz "jornalismo de buraco de fechadura", esconde-se e prejudica a sua imagem e, portanto, a imagem do país. Publicar o despacho de um juíz que diz que o Governo quer condicionar o jornalismo da TVI, através da compra da quota dos espanhois da Prisa, pode constituir um erro de interpretação do juíz, que parece ter cometido outros, segundo o Procurador da República e o Presidente do Supremo Tribunal. Ou pode ser uma declaração infundada de quem a profere, particular e irresponsavelmente. Mas a publicação do Despacho constitui a mais lídima forma de jornalismo que as comunidades precisam.
Há perguntas que não podem ficar sem resposta. Até as formigas dão respostas... desviando-se uma das outras no carreiro. Só não fazem perguntas! Esta, a nossa diferença... E, já agora, de que é que José Sócrates estará à espera para falar ao paíz sobre o que o despacho do juíz revela sobre a suspeita de controlo da TVI?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sobre a inteligência do Sr. Jornalista Mário Crespo

O jornalista Mário Crespo escreveu o que diz ser um artigo de opinião. Mas com informações de factos. O Director do Jornal de Notícias, bem ou mal, decidiu não publicar o artigo de M. Crespo e este zangou-se. Não com o director do jornal mas com o Primeiro Ministro de Portugal. Porque, segundo o relatado, o PM teria dito, a terceiros, que ele, Crespo, é "mentalmente débil e que isso era um problema". E o que faz Crespo? Acusa o Primeiro-Ministro disso mesmo, não dando nenhuma prova em contrário do que o PM disse. Ou ele acha que é inteligente divulgar aos quatro ventos a pouca consideração que a sua inteligência merece a outrem?

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Oh Senhor Belmiro de Azevedo

Nunca pensei que fosse tão importante para o Eng. Belmiro de Azevedo ser amigo de ministros. Chamar ditador ao Presidente da República porque, quando 1º. Ministro, demitiu ministros seus amigos é completamente parvo e comprometedor. Porque é tão importante para B. de A. ter ministros amigos?
Por outro lado, sabe-se que, como empresário, a litigância judicial é sua "drive estratégica". De quase todas as negociações com o grupo Sonae resulta uma questão judicial de indemnizações chorudas. Fora isso, fora as ameaças de que abandona o país, como meio de pressão, quando participa em concursos públicos em disputa, acho que deveria privilegiar a existência de produtos portugueses nos seus supermercados, como forma de ajudar o país onde ganha dinheiro, já que algumas participações acionárias estão domiciliadas no estranjeiro, na Holanda, creio, por razões fiscais. Não é proibido, mas como empresário estrangeiro é melhor ser ouvido nos países onde paga impostos.

domingo, 17 de janeiro de 2010

ProfessoresXPaís, DEZ a ZERO

Como previa, a perda da maioria absoluta pelo partido que apoia o Governo fragiliza-o na negociação. A negociação é um direito de cidadania mas pode ser positiva ou negativa, consoante o seu resultado. Considero que foi negativa a negociação do governo com os sindicatos dos professores. Continuam a poder ser todos promovidos até ao último escalão independentemente das disponibilidades orçamentais, dos contingentes, mediante o seguinte artifício: esta situação só é assessível aos classificados como bons! Mas na prática não há classificações abaixo de BOM...

A CANTILENA DO PEQUENO E POBRESINHO

PERTO DE TRINTA POR CENTO DAS NOSSAS EMPRESAS TÊM NENOS DE QUATRO TRABALHADORES. TÊM 1,2 OU 3. VEJO COM ALGUMA PREOCUPAÇÃO A IDÍLICA REIVINDICAÇÃO DE QUE SE DEVEM AJUDAR AS PEQUENAS EMPRESAS COMO SOLUÇÃO PARA O ELEVADO DESEMPREGO QUE ASSOLA O PAÍS E PARA SAÍDA DA CRISE QUE NOS RETARDA O DESENVOLVIMENTO. ALGUÉM PODE PENSAR QUE É EMPRESÁRIO SE TIVER UMA EMPRESA COM DOIS TRABALHADORES, OU QUE É AGRICULTOR SE ANDAR A APASCENTAR DUAS VACAS? NO MUNDO DE HOJE? SERÁ CERTAMENTE UM HONRADO CIDADÃO QUE ESTÁ NUMA ECONOMIA DE SUBSISTÊNCIA, MISERAVELMENTE PARALELA. CHEGA DE DEMAGOGIA EM PROL DO POBRESINHO PORQUE SÓ PROGREDIMOS A PENSAR UM POUCO MAIOR E A REALIZAR BASTANTE MAIS. MAS O CURIOSO É QUE ESTA CONVERSA VAI DA EXTREMA ESQUERDA À EXTREMA DIREITA, HOJE, EM PORTUGAL.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Com empresas de vão de escada não vamos longe...

O Presidente Cavaco Silva referiu-se à situação económica do país, no seu discurso do dia 1 de Janeiro do novo ano e à necessidade de entendimento político no Parlamento. Previligiou o apoio às pequenas empresas, referindo que 95% delas têm menos de 20 trabalhadores. Não mencionou "investimentos públicos" que o Governo acentua na estratégia de saída da crise e desenvolvimento económico, além dos apoios às empresas.
Claro que o apoio àquela grande maioria de empresas, microempresas, pode ajudar a salvar algumas e manter emprego. Mas o desenvolvimento do país não está delas dependente. Mais de 50% das exportações são feitas por escassas dezenas de empresas, a maioria de capital estrangeiro. Não é com empresas de vão de escada que saímos do nosso atraso. Que há que estimular as empresas exportadoras e ajudando-as no aumento da competitividade, já se sabe. Mas nestas estão poucas com menos de dez trabalhadores.
Quanto ao apelo ao parlamento, esperemos que a palavra do PR seja ouvida.