quinta-feira, 1 de julho de 2010

Uso dos poderes especiais do Estado português contra a Telefónica

O governo decidiu usar os poderes especiais que o Estado português tem na operadora de telecomunicações Portugal Telecom, vulgo, PT. Usou e usou bem, para impedir que os accionistas da empresa vendessem 50% do capital da Vivo à empresa espanhola Telefónica. Esta empresa sabia que o governo interpretava aquela alienação como ofensiva do que considera interesse estratégico para o desenvolvimento do país. Os espanhóis e os accionistas portugueses que votaram pela venda não ligaram nenhuma à posição assumida pelo governo e que lhes havia sido comunicada. Ao governo só cabia uma atitude, usar os poderes especiais conferidos à face da Lei portuguesa. Se o não fizesse, dava um exemplo de fraqueza intolerável. Se a União quiser alterar esta faculdade que o faça. Mas não é só de leis que se trata, neste caso. Trata-se de convencer os núcleos económicos espanhóis que têm todo o direito a crescer mas não à custa da redução internacional do peso económico de Portugal. Principalmente quando Portugal não recusa associação com a empresa espanhola no Brasil e, nas 20 Repúblicas de língua espanhola que há na América Latina, a PT não está associada à Telefónica em nenhuma, nem com 5%, e ela está em todas... O "poder" define-se pela sua efectividade. Só existe quando se usa. Os espanhóis conhecem esta linguagem. Mas não levem os portugueses patriotas a achar que a Espanha é grande demais e a aplaudir os impulsos independentistas de outras periferias ibéricas. Isto não constitui ameaça nenhuma, até porque Portugal nunca ameaçou, nem pode, ameaçar a Espanha. Mas é um aviso, a reforçar a alusão que um Presidente da República (Jorge Sampaio) já fez uma vez em Espanha: "Deixem-nos ganhar um concurso... uma vez".

Sem comentários:

Enviar um comentário