quarta-feira, 16 de junho de 2010

Os limites da desconfiança nas Agências de Rating

A credibilidade das Agências de Avaliação de Risco tem sido posta em causa. São todas cediadas fora do Euro, logo, são aventadas as suspeições de que estão arregimentadas no ataque à Moeda Única europeia. Pretendem proteger os credores, seus clientes..., não deixando de ser severos nas avaliações que fazem, pois, desta severidade resulta a majoração das taxas de juro, nos mercados financeiros internacionais.
Todavia, á um limite a parir do qual a avaliação das Agências ultrapassa as suspeitas de incredibilidade, merecendo, por isso, que se passe a acreditar nelas. É quando avaliam os títulos como "lixo". Esta avaliação pode proteger os credores, sem dúvida. Mas destroi-lhes o negócio. Os credores e investidores ganham dinheiro quando fazem emprésticos com juros remuneradores, claro. Mas não investem, nem emprestam no "lixo", em títulos que não tem valor nem a países que não podem assumir as suas responsabilidades.
Quando há poucos dias uma Agência classificou a os Títulos do Tesouro grego como "lixo", os que duvidavam das Agências passaram a acreditar, pelo menos em relação à Grécia. Valham-lhe os fundos da União Europeia, sem as contra-partidas comerciais ligadas à compra de submarinos aos franceses e de fragatas aos alemães...

domingo, 6 de junho de 2010

Em defesa do Regime Presidencialista para Portugal

As eleições presidenciais não têm a importância que uma eleição directa e unipessoal justificaria. A nossa Constituição da República é, classificadamente, semipresidencialista. Isto quer dizer que ela é, também, semiparlamentarista. E, quando o governo não é suportado por um partido com maioria absoluta ou não o é por acordos parlamentares de incidência governamental, a nossa Constituição institui um regime político assaz original, que dá pelo nome de "LIMIANO"! Conceito que, como se sabe, fora inventado por António Guterres, quando Primenro-Ministro e o deputado da terra do "queijo limiano" que, assim, aprovaram o Orçamento na Assembleia da República e suportaram o Governo Constitucional... Também, com este sentido, os deputados da Madeira, segundo instruções do Presidente do Governo Regional, adquirem a dimensão constitucional de garantir a estabilidade política, mediante idêntica chantagem orçamental... que a nossa Constituição não faculta, nem garante e, até, dificulta.
Atribuo este regime constitucional aos anos de ditadura, de que nos libertámos tarde de mais, e formatou a cabreça dos portugueses para terem mêdo da concentração de poderes numa só pessoa ou instituição. Assim, temos um PR que quando abre a boca há logo quem diga que esta a meter-se onde não é chamado -- assuntos do governo do país -- entenda-se, e, um PM que sem maioria está na corda bamba, sem garantir a sustentabilidade das políticas porque ninguém pode determinar o tempo da sua permanência em funções. Neste caso, o chamado período de legislatura é uma ficção. E o nosso mais importante Magistrado da Nação: "um verbo de encher". Assim, o nosso país não pode ir longe...
O mêdo do Poder, ou da sua concentração, manifesta-se em muitas outras situações. O mesmo acontece com as entidas por que são repartidas as funções policiais, as de investigação, etc. Recordamo-nos do alarido de aflição que levantou a criação de um Secretário Cordenador do Sistema de Investigação e Segurança, quando há mais de uma dezena de entidades dedicadas à investigação e segurança no nosso país e, por consequência, a necessidade de coordenação era uma evidência. Enfim, continuaremos a ter a GNR e a PSP com funções semelhantes, só diferenciadas porque as exercem em espaços territoriais diferentes. Não imagino melhor esquema para gastar mais dinheiro ao erário público e reduzir a eficácia do que este. E continuaremos com esta Constituição até que a crise nos impeça de discutir este assunto.
Enquanto não formos capazes de discutir e fazer várias coisas ao mesmo tempo, arriscamo-nos a andar muito tempo a fazer a mesma coisa, errada e repetidamente.
Posto isto, sou favorável a uma Constituição Presidencialista, para Portugal. Não há razão para ter medo da força dos sentimentos democráticos do povo português.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A Cimpor já foi e agora vai a PT?

Para justificar a investida da Telefónica sobre a PT, há opiniões que consideram de estupido patrioteirismo o não reconhecimento de que a Espanha é maior de que Portugal e que, portanto, é natural esta assimilação pela economia espanhola do que de maior se construiu no nosso país. Só que a Suécia ainda é menor que Portugal e tem a Tetrapac, a maior empresa mundial de impermeabilização de papel e de construção de máquinas de embalagem automática. A Finlândia, também menor, tem a Nokia, a Holanda, mais ou menos do nosso tamanho, tem a Philips e jamais se verificou uma investida alemã ou inglesa sobre alguma destas empresas porque, justamente, são as maiores que esses países têm.
Em contra-partida, as empresas portuguesas com dimensão, graças à tese de que "só a honra não se vende" (especialmente se não colidir com o enriquecimento pessoal, deve acrescentar-se), os nossos investidores já alienaram uma empresa que era a única portuguesa que estava dentro das dez maiores do Mundo no seu sector: a Cimpor. Agora preparam-se para alienar a PT e a Galp será a próxima. Neste caso graças ao incompreensivel negócio que o Governo de Guterres/Pina Moura iniciou com os italianos. Capitalistas de borra, é o que temos, sem estratégia de desenvolvimento das empresas num quadro de afirmação nacional. Com gente desta, os espanhóis, claro, se não os põem a trabalhar para eles compram-lhes as empresas. O que até parece bem feito, mas depois não se queixem de construirmos um futuro que vai limitar-nos a fazer a cama e a servir o pequeno almoço aos turistas que vêm para a praia...