quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O Poder e o dinheiro ou "Não basta ser rico para ser bem educado"

Que o dinheiro dá poder é uma afirmação palisseana. Mas, a partir de um certo nível de fortuna parece que os afortunados deixam de querer mais dinheiro e passam a querer é mais poder.
Exemplo desta constatação foi a declaração de Alexandre Soares dos Santos, dono dos supermercados Pingo Doce e de outras coisas mais. Na apresentação pública das contas das suas empresas, questionado sobre a exactidão das mesmas, por um jornalista, responde que "ali não há truques. Truques é com o Socrates!"
Ao longo da minha vida profissional na Gestão verifiquei que muitas pessoas endinheiradísimas reagiam mal quando confrontadas com a necessidade de pedirem pessoalmente autorizações ou simples boas diligências a titulares de orgãos de soberania política. Principalmente quando eram mais novos e tinham feito uma carreira política com notoriedade e rápida. Perturbava-os a comparação com a sua própria vida, de trabalho de várias gerações, sem projecção social, com muito dinheiro mas nunhum reconhecimento público, ao contrário do jovem político, "um doutorzeco que subiu à custa do partido político... que não tem onde cair morto..."
Parece-me que este é também o drama de vida de Alexandre Soares dos Santos (a quem, deve dizer-se, Socrates respondeu magistralmente). E é lamentável que tenha este estigma. Que nos leva a pensar que, afinal, é por causa dele que criou a Fundação Francisco Manuel dos Santos, cujo trabalho é de realçar a quem nela trabalha. Devia ter-se lembrado que um Primeiro Ministro, para o ser, tem de ter mais de dois milhões de votos dos portugueses. Mais do que os clientes do Pingo Doce que, com esta, perdeu, pelo menos, um. Eu!...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A Moção de Censura derrotada pelo ridículo

Para algumas pessoas de esquerda, a esquerda é só a deles, ou são só eles.
Corolário desta posição: é preferível estar uma direita radical no governo do que uma outra esquerda qualquer sem eles. Não suportam uma situação de governo que se intitula de esquerda mas diferente da deles, não radicalizada em políticas ultrapassadas de estatização económica e de isolamento político na Europa, no Ocidente e no Mundo.
A novidade, porém, é que os dois partidos leninistas do nosso espectro político, nomeadamente o mais jovem, o Bloco de Esquerda desenfreou numa competição com o PCP, como para mostrar quem faz mais serviço, qual líder sindical que adopta a postura arrogante (quando não mal educada), ao falar na TV, para convencer os associados do seu sindicato estão a ser valentemente defendidos.
Traduziu-se esta postura na apresentação de uma moção de censura quando uma semana antes criticavam o outro partido mais próximo, o pobre do PCP, de dizer que ia fazer o mesmo.
E do que disseram os outros partidos da direita e da extrema direita conclui-se que a moção que o Bloco vai apresentar não é derrotada políticamente. É-o pelo ridículo!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Tunisian Girl, un sinal dos nossos tempos

Uma estudante tunisina passava os dias sem sair do quarto, a estudar e agarrada ao computador -- era esta a opinião do seu pai, activista político na sua juventude e que tinha passado 8 anos preso, por motivos políticos. Desliga-se de qualquer atividade política, já perto dos sessenta anos, trabalha desmotivado pela situação política de ditadura em que vive o seu país. Eclode o movimento popular em Tunes e, o pai, sai para a rua, louco de alegria, "até que enfim, chegou a nossa hora de libertação!" Corre para se juntar à manifestação. Ao chegar, vê a sua filha na primeira fila a coordenar a manif...
O que se passou? A rapariga tinha um site em que defendia as ideias de democracia e abertura política. O site foi bloqueado pelas autoridades. Ela pede ajuda a outros sites do mundo inteiro que lhe dão guarida e onde passou a escrever. Era a "tunisian girl". Desconhecida de todos os que a conheciam, conhecida da rede internacional por muitos que não sabiam quem ela era. Nem o próprio Pai, activista político que tinha estado, por isso, oito anos preso...
Esta história diz dos acontecimentos na Tunísia, certamente no Egito e onde mais, levantamentos populares, expontaneamente, se formam e levantam contra regimes opressores e ditatoriais. As ideias marxistas, diferentemente defendidas ao longo da história, do "movimento das massas", parecem ressuscitar com esta modernidade da internete e das redes sociais. E Marx nunca disse que a revolução se fazia com partidos políticos (e muito menos com os partidos comunistas). O que ele disse foi que ela se faria de "acordo com o Movimento Geral da História". Com a tecnologia, a ciência, as redes que geram tunisinas assim...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

"O 25 de Abril do Egito"

Mubarak resignou e o poder ficou com o Conselho Superior Militar.
A mensagem que antecede esta, escrita ontem, foi hoje respondida: Os Generais perceberam o que tinham a fazer, nas circunstâncias. O povo está contente e há que pense, com razão, que o futuro mais plausível dos ditadores corruptos é, para além de serem corridos sem honra nem glória..., verem-se privados da fortuna roubada. Os bancos suiços já não lhes dão garantias.
"Isto é que vai uma vida!... heim" -- pensarão o José Eduardo dos Santos e as suas ricas filhas.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Como acaba a crise do Egito?

Especificidades da crise do Egito:
Os quadros do seu numeroso exército são, tecnicamente, formados segundo a doutrina e a filosofia norte-americana (os oficiais fartam-se de tirar cursos militares nos EEUU). Todavia, políticamente, eles têm uma importância própria dos regimes militaristas (desde o primeiro Presidente da República ao atual, Hosni Mubarak, foram e são todos generais, como o é, também, o Vice-Presidente, Omar Suleiman).
Sendo um grande país do Médio Oriente, caracteriza-se pelo petróleo não constituir qualquer fonte de exportação, dado que só produz para o consumo interno. O algodão e o turismo têm o maior peso nas exportações. A sua importância estratégica, singular e enorme, reside no Canal Suez que, a ser inviabilizado, nas circunstâncias atuais da Europa e do Mundo Ocidental, teria efeitos catastróficos. Daqui a importância que o Mundo Ocidental confere ao problema.
A inferioridade política e psicológica em que o Egito ficou, em relação a Israel, desde a Guerra dos Seis Dias, em 1968, colocou-o fora da primeira linha da conflitualidade da situação israelo-palestina.
A situação nova, despoletada pela Tunísia, pela Internet, pela juventude que aglomera não apenas os jovens pobres como os filhos dos egipcios ricos, eventualmente próceres do sistema Mubarak, está balouçando entre duas hipoteses de evolução: Ou o Mubarak sai ou vai ter que ser apoiado pelo Exército. A mais provável deriva da situação em que o Exército se encontra hoje, depois dos populares estarem em cima dos carros de combate e a dar água aos soldados é que o Exército deixe de apoiar o poder e já não apoia ninguém contra a vontade do povo. Os Generais têm duas atitudes: ou compreendem isso e mandam Mubarak para o exílio (situação clássica para quem perde o poder ou para quem o quiz e nunca chegou a tê-lo...), ou perdem o comando das tropas que, normalmente, é assumido por um Coronel, rapidamente promovido a general!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

As 87 Freguesias do Concelho de Barcelos e a discussão à volta do nº. de deputados da AR

O Concelho de Barcelos tem 87 freguesias. 87 digo bem! Como a Lei diz que as Assembleias Municipais têm de ter mais membros eleitos do que os que o são por inerência, os eleitos são 88 que, com os Presidentes de Juntas, dá a soma de 175 deputados municipais daquele singular concelho. A República de Chipre, país independente e membro da União Europeia e com 1 milhão de habitantes tem uma Assembleia da República com 80 deputados. Menos de metade do Concelho que se caracteriza não só pela produção de galos em barro como, também, de deputados de carne e osso, que não faltam às convocatórias das assembleias nem deixam de receber as respectivas senhas de presença.
Esta situação, comparada com á discussão à volta do número de Deputados (230) da Assembleia da República, dá razão aos que acham que os deputados desta nem são de mais.
O problema é de organização do estado português, que só será organizado se houver condições políticas para isso, naturalmente.
Preocupante é ouvir e constatar que a última vez que se reduziram concelhos no país foi em regime de ditadura. Se a Democracia não for capaz de definir o número optimo, o mais adequado, de orgãos e seus membros podemos esperar pela sua falência.
Sabemos que a situação de Barcelos é a mais grave mas há outras situações desmesuradas de cargos e orgãos do aparelho do Estado.
Também sabemos que há intuitos de eliminação da representatividade das opiniões políticas e dos interesses regionais e locais, atravéz da "secretaria" organizativa, alterando a reprsentatividade política existente na AR. Como sabemos que há preocupações de manter a situação como ela está para alimentar a pequena nomenclatura partidária local, ao nível do "campanário" e do concelho. Com o argumento ridículo que a diminuição do número de eleitos constitui uma debilitação democrática do sistema, como se a transformação de cada eleitor em eleito fosse a Democracia absoluta... Ridículo!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Redução do nº. de Deputados

Até que enfim, um dirigente e Ministro do Partido Socialista, Jorge Lacão, se manifesta a favor da redução do número de deputados à Assembleia da República. Mas logo o líder parlamentar, Francisco de Assis, normalmente de opiniões avisadas, vem colocar-se contra a declaração do Ministro de Assuntos Parlamentares. Lamento o conteúdo da sua opinião, ao achar que não se deve discutir este problema. E lamento o desacerto entre o líder parlamentar do partido que apoia o governo e o Ministro de ligação do governo à Assembleia.
É um problema que o Primeiro Ministro tem de resolver ou correndo com os dois (que têm tido excelente desempenho, diga-se) ou fazendo o líder corrigir os efeitos da sua declaração.
O que se pretende é que a redução do número de deputados seja a maior possível sem alterar na "secretaria" a proporcionalidade da expressão elitoral da vontade dos portugueses e do todo nacional.
Sabemos que alguns partidos (PCP) estão contra qualquer redução do que quer que seja eleito, pessoas ou organismos, deputados ou Juntas de Freguesia, com o argumento, que vimos já invocado, de tal constituir um enfraquecimento da Democracia... Então, a Democracia plena obtinha-se com a transformação de cada eleitor em eleito... Ridículo!