Que o dinheiro dá poder é uma afirmação palisseana. Mas, a partir de um certo nível de fortuna parece que os afortunados deixam de querer mais dinheiro e passam a querer é mais poder.
Exemplo desta constatação foi a declaração de Alexandre Soares dos Santos, dono dos supermercados Pingo Doce e de outras coisas mais. Na apresentação pública das contas das suas empresas, questionado sobre a exactidão das mesmas, por um jornalista, responde que "ali não há truques. Truques é com o Socrates!"
Ao longo da minha vida profissional na Gestão verifiquei que muitas pessoas endinheiradísimas reagiam mal quando confrontadas com a necessidade de pedirem pessoalmente autorizações ou simples boas diligências a titulares de orgãos de soberania política. Principalmente quando eram mais novos e tinham feito uma carreira política com notoriedade e rápida. Perturbava-os a comparação com a sua própria vida, de trabalho de várias gerações, sem projecção social, com muito dinheiro mas nunhum reconhecimento público, ao contrário do jovem político, "um doutorzeco que subiu à custa do partido político... que não tem onde cair morto..."
Parece-me que este é também o drama de vida de Alexandre Soares dos Santos (a quem, deve dizer-se, Socrates respondeu magistralmente). E é lamentável que tenha este estigma. Que nos leva a pensar que, afinal, é por causa dele que criou a Fundação Francisco Manuel dos Santos, cujo trabalho é de realçar a quem nela trabalha. Devia ter-se lembrado que um Primeiro Ministro, para o ser, tem de ter mais de dois milhões de votos dos portugueses. Mais do que os clientes do Pingo Doce que, com esta, perdeu, pelo menos, um. Eu!...
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