terça-feira, 8 de março de 2011

A Revolução Árabe

Está a surpreender, para já. Pensava-se, ou muitos pensam, que a tutela divina e o temor a Deus eram considerados como factores de moderação social, de complacência para com os contrastes, em resumo, de pacificação das sociedades. E as revoltas populares que estão a acontecer nos países árabes do Norte de África apresentam-se sem ligações religiosas, numa sociedade que, como sabemos, está longe de ser caracterizada pelo laicismo.

Também se tem a ideia, ou alguns têm, que há povos que não “estão preparados para viver em Democracia”. Montesquieu alertou para os inconvenientes de “se precipitar o uso do sufrágio universal”. Como as comemorações dos 100 anos da República me ensinaram, Afonso Costa decepcionou a História com a sua avareza quanto ao reconhecimento do direito de voto às mulheres, pela pouco democrática e muito republicana razão de que a maioria das mulheres portuguesas não votaria na República.

E a Democracia? Esta é um regime! E o Mundo é regido por governos e não por regimes. E os governos, constituídos por governantes, obviamente, têm relações uns com os outros, em nome dos seus Estados. Não são os regimes que se relacionam, importam e exportam, etc. A natureza das relações entre países é o mais inexorável ambiente que define a chamada “real politique”, no sentido menos digno ou mais pejorativo que a expressão traduz. E os media vão atrás disto, também. Desde ontem, o ditador, o caricato, o abjecto Kadafi voltou a ser chamado de Presidente, porque parece que as suas tropas estão a reconquistar terreno aos rebeldes!

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