Este discurso de posse, como todos os outros dos anteriores Presidentes da República, independentemente do seu conteúdo, vai engrossar as lombadas dos livros onde eles são depositados pela Imprensa Nacional Casa da Moeda. Vai apenas constituir retórica. Apenas retórica porque entre a palavra e a acção há o espaço imaterial da só palavra. A acção começa a concretizar-se depois. Ora, como o Presidente não age, temos palavras que valem o que valem. E valeriam muito. Seriam vitais se os nossos concidadãos sentissem que, como disse Cavaco Silva, a nossa economia, nos últimos 10 anos, por via do investimento e iniciativa nacionais (o RNB) cresceu a média de 0,1 por cento ao ano; e a nossa economia no conjunto do investimento e iniciativa económica estrangeira e nacional (o PIB) cresceu 0,7 por cento ao ano. Quer dizer que o nosso crescimento é devido ao investimento estrageiro: à Autoeuropa e outras, que contam para o PIB e não para o RNB. O crescimento da nossa economia, por parte dos nossos empresários é quase um aumento zero. Explicações: situação da administração pública e da Justiça; falta de dinamismo social e empresarial; carência de formação, tecnologia e competência; bloqueios legais e burocracia, desvantagem fiscal face à concorrêcia (muitas empresas portuguesas no estrageiro e mesmo em Portugal estão domiciliadas fiscalmente na Holanda e outros paraísos fiscais) etc.
Mas como em muitas destas coisas ninguém em Portugal tem poder de alterar a situação, só a União Europeia nos poderia valer. E só vai valer quando a necessidade tocar à porta de mais países. Já estivemos mais longe disso.
Dentro da retórica, continuar a dizer-se que se fala verdade sem referir a crise de 2008, que afecta todo o Mundo, Ó Dr. Cavaco, isso constitui a verdadeira omissão da parte mais importante da realidade.
quarta-feira, 9 de março de 2011
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