sexta-feira, 23 de julho de 2010

A CPLP e a Guiné Equatorial

A CPLP teve uma situação incómoda mas muito frequente com o pedido de adesão da Guiné Equatorial. Sempre que nas organizações internacionais surge uma solitação motivada por objectivos próprios do país que a faz, desligados dos objectivos da Organização, há uma incompatibilidade que a diplomacia normalmente resolve sem dizer que não, nem sim, adiando o assunto para "melhor oportunidade"...
A Guiné Equatorial tem factores impeditivos, como não falar português e ser uma ditadura! A coerência não pode ser convertida no ponto forte desta decisão porque a Guiné-Bissau e Angola, em matéria de Democracia, deveriam ser colocadas à porta da CPLP e a Guiné mesmo do lado de fora... Mas tal não convém, obviamente. Esperemos pela democracia deles, com paciência, até porque quase todos os outros países sabem "o que isso é".
Mas a Guiné Equatorial é o único país de língua espanhola da região. De certo modo, está isolado. Tem dificuldades com o relacionamento com a Espanha, muito devidas à sua situação ditatorial. O principal opositor do Presidente da República está exilado em Espanha que se recusa a repatriá-lo, como quer o ditador. Tem afinidades com Angola, como grande produtor de petróleo, que deseja aparecer como potência regional naquela parte do Continente. Já é "observador" da CPLP e, como outros países, sente interesse em acompanhar o desenvolvimento das relações económicas e políticas entre os Estados da CPLP a fim de nelas participar. Outros países mais longínquos (a Ucrânia, o Luxemburgo!) manifestaram idêntico desejo, pelo interesse em diversificar as suas relações económicas.
Só não se percebe, aparentemente, o interesse do Brasil em ser, dos membros da CPLP, o mais permeável à entrada da Guiné Equatorial. Uma transposição do Mercosul, com as duas línguas ibéricas? Ou o aumentar o seu peso específico como interventor na OPEP, pela relação que estreitava com a Guiné Equatorial?

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