quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Há juízes que "incomodam" muita gente

O juiz dirigente sindical dos magistrados judiciais, a propósito de crítica à proposta de Orçamento do Governo para 2011, que prevê a inclusão do subsídio de renda de casa que os juízes auferem para efeitos de desconto de IRS, apodou este facto de "roubo", usou uma linguagem de baixa extracção comunicacional, intelectual e institucional e, ainda, lançou a acusação de que o Governo adoptava esta medida porque os juízes têm "incomodado" membros do Partido Socialista que constitui governo.
Não falamos de um despreparado qualquer que não saiba o valor das palavras e das alusões que faça. Um juíz deve saber, melhor do que ninguém, que a sua relação com os outros não oscila numa escala de "comodidade / incomodidade". Nem noutra que não seja a de fazer justiça sobre os casos que tem de julgar, "cegamente", sem olhar a quem, seja rico ou pobre, pária ou poderoso, governante ou governado, ou seja, deve julgar soberanamente, em nome do povo.
Como é que aquele "despreparado para ser juíz", digo eu, coloca a classe profissional que julga defender nesta relação de igualdade com aqueles a quem compete julgar, porque lhe compete julgar todos, porque ninguém está acima da Lei. Nem os governantes, nem os juízes. Mas não creio que os órgãos disciplinares da magistratura façam esforços para o "reconfigurem moralmente". A "lata" e a boçalidade de que deu mostras deve até garantir-lhe a eleição para continuar a liderar o sindicato. E, com todo o respeito por alguns líderes sindicais, este vai pertencer ao grupo dos que, por via de regra, quando os vejo aparecer na televisão fico logo à espera de ouvir "bojarda".

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