segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Irlanda, entre o pedido de ajuda e a concorrência fiscal que ela nos faz

A ajuda à Irlanda traduz uma solidariedade da UE para com um país financeiramente aflito, como o estão outros. Sem dúvida que a Irlanda é dos que está na situação mais crítica e o BCE e o FMI vão ajudar. Contudo, deveria pensar-se que quando o BCE ajuda, ajudam todos os países com a moeda Euro. Inclusive nós, Portugal, país relativamente pobre em comparação com a rica Irlanda. E, todavia, a Irlanda dá-se à desfaçatez de praticar um verdadeiro "dumping" fiscal, colocando em 12,5% a contribuição das empresas para o erário público quando em Portugal é 25% e nos outros países numa média que ronda os 20%. Assim, há muitas empresas estrangeiras que têm a sua cede naquele país, neste ponto, a funcionar como um "quase paraíso fiscal". Por este mecanismo de concorrência fiscal entre os países membros da UE, alguns dos maiores acionistas das maiores empresas portuguesas têm domicílio fiscal na Holanda e na Irlanda. É preciso ter lata para pedir ajuda com uma taxa de IRC destas! Ora, pagar, ajudar a quem nos faz esta concorrência poderia, também, dizer-se-lhe, para aumentar o IRC às tuas empresas, para não precisar de ser tão ajudado. Não tenho a menor dúvida que era isso que ouviríamos se Portugal (ou outro "PIG") estivesse na situação inversa.

1 comentário:

  1. As tuas considerações têm toda a pertinência
    É recorrente a temática da concertação dos regimes fiscais na União, sem mínimos resultados até agora talvez porque para muitos é praticamente o único mecanismo flexível de que dispõem na ordenação da sua macroeconomia,como sabes melhor do que eu.Preocupa-me o futuro da UE,que há quem deseje que não exista nem como bloco político nem evidentemente como bloco económico.O angustiante para os seus defensores é que se lhe não vê liderança (sem sebastianismos)
    sessentaequatro

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