segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A Estratégia do PortugalXChina

Não é todos os dias que um Presidente da China visita países, e países pequenos como é o nosso caso! Logo é importante a visita de Hu Jintao a Portugal. Mas pensar que ele nos visita sem ter uma razão do seu único interesse é estultícia. Aliás, tem três: Europa, África e uma razão própria. A ajuda a Portugal terá um mero efeito de contrapartida (o que não quer dizer que não seja importante, nas condições actuais que vivemos).
Sobre a Europa, ajudar os países em dificuldades de crédito é ajudar o Euro, logo, é evitar que ele se desvalorise e, portanto, mesmo que a moeda chinesa tenha que vir a ser valorizada (por pressão mundial), ela sempre encontrará esta compensação. Assim, a China, depois de ajudar também a Grécia e a Irlanda, ajudará Portugal. Três países cuja posição geografica e estratégica é peculiar. São pequenos mas constituem "portas de entrada" de um novo "poder marítimo" ou, hoje, global. É um cerco... A Alemanha e a França percebem isto muito bem mas a situação leva-os a não quererem incomodar o mercado importador que é a China, para eles.
Sobre África, o interesse da China é manifesto e a colaboração com interesses económicos portugueses pode criar algumas sinergias, em alguns sectores onde o factor linguístico se manifeste mais, como Angola e Moçambique. As empresas com que foram feitos "memorandos" ou acordos ?, traduzem este oblectivo: telecomunicações e banca.
A motivação chinesa e exclusiva reside na necessidade de diversificar as suas reservas em várias moedas, quse exclusivamente compostas por dólares que, como se sabe, estão numa tendência de queda que a situação económica americana impõe. Além, evidentemente, do seu desejo de expansão global, justificado pela dimensão que têm.
As contrapartidas para Portugal podem ser importantes no aproveitamento de algumas potencialidades de Macau e no Porto de Sines. Mas, aqui, parece que quando os chineses foram ver aquele magnífico porto para desembaraçar os navios gigantes (pós-Panamá) porta-contentores e viram o apeadeiro da linha de caminho de ferro mais próximo... ficaram de olhos arregalados, tal a decepção. E ainda há quem ponha em dúvida a necesidade de ligar Sines por um bom caminho de ferro a Espanha e à Europa Central.

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