segunda-feira, 4 de maio de 2009

A Crise e os decisores

"Quando estava para morrer, os seus discípulos mais dedicados
queriam rezar por ele (Confúcio) mas ele objectou, dizendo que
já rezava há muito tempo à sua maneira, não com palavras mas
com actos".

(In. O Jogo Estratégico na Gestão, M. Pedroso Marques





As crises não introduzem qualquer especificidade estratégica que não ocorra numa situação normal. Em tempos de crise, como em tempos normais, o que se precisa é de um conjunto de opções estratégicas adequadas à resolução dos problemas, ajustadas à 'situação'. Quando se diz Estratégia de Crise é o mesmo que dizer uma estratégia aplicada àquela situação crítica.


Todavia, as crises provocam comportamentos dos decisores que divergem dos que apresentam em situações normais. Desde logo, porque as crises quando nascem são como o Sol. São p´ra todos. Todos começam a reagir. A tentação para ver o que é que cada um faz é imparável. Depois, a crise que nós temos não é a primeira. E nunca nenhuma durou sempre. E nunca nenhuma foi rigorosamente igual à outra. Daqui resulta uma enorme panóplia de medidas que foram tomadas e ignoradas por uns e outros.
Resultado: a gestão de crises constitui um dos exercícios de gestão mais difíceis e tumultuados que se conhecem. Os países e os espaços em que se inserem são forçados a um relacionamento pragmático, mais consequente que o habitual. Mormente quando os condicionantes estratégicos, ou seja alguns constrangimentos estratégicos, que constituiram opções do passado, implicam na criação de quadros de reflexão estratégica que não controlamos em exclusivo. Exemplo disto seria deduzir uma estratégia para Portugal sem atender ao que a UE nos impõe, por exemplo, para continuarmos no Euro.
Entretanto, o 'estratego, cuja vaidade é historicamente comprovada' (Lucien Poirier), tem que evidenciar confiança na estratégia enunciada, pois, se assim não for como é que ele arranca com a tropa atrás dele? É nesta altura que se levanta mais facilmente a quebra de solidariedade para com os sistemas a recuperar da crise. Mas também é o momento em que a acção é mais necessária e apreciada e a omissão ou a paralização mais prejudicial e desprezível.





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