quarta-feira, 10 de junho de 2009

As interpretações da verdade dos números

A verdade dos números não pode ser desmentida,é quantitativa. Mas também pode ser qualificada. E qualificada com os argumentos, as ideias do arsenal intelectual e o ângulo de visão de cada um. O raciocínio técnico precisa de quantificar mais e qualifica menos. No político dá-se o contrário: não deixando de quantificar, carece de qualificar muito mais.

Ontem o PSD ganhou as eleições para o Parlamento europeu. Ganhou por cinco por cento a mais que o segundo lugar, o PS, ficando com cerca de 32%. Longe da maioria que o PS tem para formar governo maioritário, a interpretação dada pelos dirigentes sociais democratas sugere que entramos num novo ciclo político, caracterizado pelo descontentamento com as políticas do governo PS. Logo, a hipótese plausível de ganhar as próximas legislativas.

A verdade dos números está nos portugueses que votaram. A verdade qualificada está na cabeça de cada um, dos intérpretes, comentadores e, cá na minha, nas dificuldades que a crise nos começa a infligir e levou muita gente a votar de protesto, contra a situação difícil, penalizando o partido que forma governo.

Mas há outras verdades apenas qualitativas, como a de dois candidatos serem ao mesmo tempo candidatos a duas das maiores câmaras municipais do país. Fica mal. Significa que não acreditam na eleição municipal e querem garantir ocupação europeista. O cabeça de lista que me pareceu de início uma optima escolha... enganou-me. Deu tiros no pé, mas tiros de canhão e continuo a considerá-lo que se propunha à campanha mais séria, pela consistência dos temas que poderia debater mas que não interessavam minimamente à imprensa e, provavelmente, às pessoas. E deixou-se envolver em dificuldades que ele próprio criou, como a do José Manuel Barroso. Dá a impressão que José Sócrates não falou dois minutos sobre os temas do PS e do Governo para as eleições europeias com Vital Moreira, tal era o afastamento de posições de um e outro.

Depois há uma realidade psico-sociológica preocupante e estúpida mas que tem reflexos nos resultados eleitorais. É que para um “jovem” com menos de 30 anos, alguém com mais de 50 é velho! E para velho já basto eu… diz uma grande parte da nossa população.

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