sábado, 12 de dezembro de 2009

Política de feira barata na discussão orçamental

Segundo os jornais noticiam, o Orçamento para 2010 vai ser aprovado pelo facto de o Governo ter negociado com o PSD e/ou com o Governo regional da Madeira a autorização para a Região constituir um novo empréstimo.
Curiosas verbas: 129 milhões de euros pretendia o Governo Regional. 79 milhões parece ser a verba pelo qual a "chantagem da Madeira" viabiliza o orçamento do Estado.
Quer dizer, com minoria parlamentar, o Orçamento chama-se "limiano" , "chantagem madeirense" e, também, sejamos rigorosos, deve ter outro nome, que resulta da Madeira ter pedido 129 e não 130 e de o acordo com o Governo e PS ter ficado em 79 e não 80! É como o preço das hortaliças nos supermercados e nas feiras. Nunca é um número certo, é sempre um cêntimo a menos para não parecer tanto…
Se me perguntarem o que é que isto tem a ver com a situação do endividamento global do país e com o nosso défice orçamental ou, ainda, com a queda do investimento externo no país… temos de dizer, voltem a olhar para a Irlanda. Mostrou o que valia na expansão e está a mostrar o que vale na retracção e só por isso se acredita que vai voltar a crescer. Sócrates mostrou o que valia na contenção do défice, quando em 2005 iniciou governo. Veio a crise que estragou tudo, embora não nos acontecesse, ainda (!), o que já aconteceu à Irlanda. Se, agora, o Governo não mostrar que é e está capaz de esconjurar as chantagens oportunistas de onde quer que elas venham, então, passaremos de mal a pior. A negociação não é mal nenhum. Mas, o facto do elemento decisivo para se aprovar o Orçamento ser uma exigência, da forma como aparece colocada na imprensa, sobre o aumento do endividamento de uma Região autónoma que exemplifica o maior regabofe orçamental que o país conhece, é que me parece fora do contexto da nossa situação económica e das responsabilidades dos governantes e dos líderes políticos

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